copa do brasil 2007
Uma ode ao heroísmo
Um pedacinho do Centro do Rio se vestiu de verde, branco e grená na última segunda-feira. Entre pagantes e convidados, seiscentos apaixonados tricolores tiveram o privilégio de assistir à única apresentação do filme A conquista, de Bernardo Belfort, na noite de gala do Cine Odeon BR.
Vestida a caráter, a grande maioria do público que se dirigia à sala escura parecia estar chegando ao Maracanã para uma grande decisão. A animação era tamanha que torcedores mais empolgados colocaram até faixas no deque do espaço.
Com uma platéia acostumada a jogos de futebol, a reação a cada cena não poderia ser mesmo indiferente: aplausos, vaias, cânticos e gritos efusivos ecoaram pela sala durante os 110 minutos de projeção do emocionante documentário, que mostra os bastidores da gloriosa conquista da Copa do Brasil.
Um dos mais aplaudidos foi Renato Gaúcho. Impressionante a empatia do técnico do Fluminense com a galera tricolor. Com seu tradicional óculos escuros, Renato só aparece lá pelas tantas em depoimento antecedente aos melhores momentos dos jogos contra o Atlético-PR, adversário contra o qual reestreou oficialmente. Dei carinho ao grupo, disse Renato, que prometera em sua apresentação que, com ele, o time iria jogar.
Outro que mostrou estar em alta com a torcida é Celso Barros. Sempre que notado, o presidente da Unimed era reverenciado com gritos de é o maior patrocínio do Brasil. Uma cena curiosa deixou evidente o tamanho da paixão de Barros por este clube tantas vezes campeão. Já no vestiário da vitória, em Florianópolis, o empresário, na roda com toda a delegação, até tentou fazer um discurso correto e polido. No desenrolar de suas palavras, porém, seu amor foi se aflorando de tal forma que, não se agüentando de tanta emoção, começou a gritar e a abraçar jogadores que pulavam de maneira alucinada.
É nesta hora que aparece Renato literalmente acabado de tanto chorar. Numa das cenas mais emocionantes do filme, abraça seu fiel escudeiro, Alexandre Mendes, que, ao pé do ouvido do treinador, conforta-o. Você merece.
Depoimentos como o de Roger, autor do gol do título nacional, também arranca lágrimas. O jogador, há dois anos no clube, disse só ter entendido a dimensão do feito quando desembarcou no Santos Dumont (foto), onde milhares de torcedores esperavam a delegação campeã. Vi pessoas de cinco a 40 anos chorando emocionadas. Não há dinheiro que pague imagem igual. Chegar ao clube e ver aquele mundo de gente no gramado também foi inesquecível, relatou, com os olhos marejados.
Carlos Alberto, hoje no futebol alemão, também foi bastante saudado em seu depoimento. É bem verdade que mais por seu coração tricolor do que por seu desempenho durante a competição. Luis Alberto, surpreendentemente, também teve tratamento igual. Com sua seriedade e profissionalismo, o xerifão vem ganhando status de ídolo entre os torcedores, apesar de sua passagem pelo maior rival.
E Thiago Silva? Ah, este é hour concours. Seus importantes gols contra Atlético-PR e Brasiliense no Maracanã foram comemorados como se marcados naquele momento. Considerado por muitos o melhor zagueiro do Brasil, Thiago Silva teve que ouvir de Renato que ele poderia ficar sossegado porque o treinador já havia parado de jogar futebol. Trecho que arrancou gargalhadas da platéia.
A cena mais engraçada da noite, entretanto, aconteceu antes mesmo do filme começar. Uma empresa de desodorantes que distribuía seus produtos entre os cinéfilos presentes teve o anúncio de sua marca veiculada no telão quando muitos ainda se acomodavam. Coincidentemente, a garota-propaganda da grife é ninguém menos que Ana Paula de Oliveira, a bandeirinha que teria prejudicado o Botafogo na semifinal da Copa do Brasil. Foi a senha para que a galera debochasse muito do rival, que ficou pelo caminho na competição.
O deboche virou apupo quando Joel Santana, hoje técnico do Flamengo, apareceu em longo depoimento. À frente do time durante apenas quatro jogos Adesg (1), América-RN (2) e Bahia (1) -, o Natalino se disse 40% responsável pelo novo título nacional do Flu.
Polêmica à parte, o mergulho no vestiário tricolor minutos antes do time pisar no gramado do Estádio Orlando Scarpelli trouxe à tona toda a tensão do importante momento da vida daqueles jogadores e do clube. O preparador físico, Fábio Mahseredijan, aos berros, pedia concentração máxima a todos. Só quem sentiu na pele o que sentimos há 40 dias sabe a importância deste momento, disse, referindo-se ao descrédito do time com a torcida durante o Estadual. O que vem a seguir deixo para que você veja com seus próprios olhos.
Olhos de lince como os de Adriano Magrão, uma das figuras mais importantes da campanha, também muito lembrado no longa. Fernando Henrique, Carlinhos, Júnior César, Fabinho, Arouca, Cícero e Alex Dias não foram esquecidos. Mas curioso mesmo foi ver Thiago Neves, ainda sem o status atual, no canto do vestiário após o triunfo. Mal sabia o jogador que o destino reservaria um ótimo segundo semestre a ele.
A cena final do filme é digna de aplausos. Estivesse presente ao Odeon BR àquela noite, o bonequinho do Globo por-se-ia de pé e aplaudiria efusivamente o desfecho épico.
A Copa do Brasil, agora eternizada, tal qual o nome do filme, foi mesmo uma conquista e tanto, que atingiu em cheio o coração de milhões tricolores de todo o Brasil.
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Quer ver o documentário? A Flu Boutique disporá os DVDs de A conquista a partir desta quinta-feira, dia 22, na sede do clube.
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Não deixe também de ler Epopéia tricolor A conquista do Brasil e a volta à América, livro de minha autoria com lançamento previsto para janeiro.
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Nem bem acabou de fazer um e Bernardo Belfort já está pensando noutro longa. Com apoio da Unimed, Bernardo Belfort irá usar agora equipamento profissional para filmar a Libertadores.
É o Flu bem na foto. Quer dizer, na tela.
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Renato eterno
Bastou eu dizer que, com o título nacional conquistado este mês, Renato Gaúcho entrara definitivamente ao hall dos grandes profissionais da história do Fluminense para ser anunciado que o gol de barriga marcado pelo ídolo tricolor na final do Estadual-95 será agora imortalizado com uma estátua de bronze nas Laranjeiras. Consultado, Renato aceitou com prazer a homenagem, idealizada por Wagner Victer, presidente da Cedae.
Mas os feitos de Renato no Fluminense contra o clube da Gávea não se limitam somente a este gol histórico: o ex-ponta jamais perdeu um Fla-Flu durante o período em que, como jogador, defendeu as cores verde, branca e grená. Em cinco jogos, venceu três: 3 a 1 (1 gol), 4 a 3 (1 gol) e 3 a 2 (2 gols), todos pelo Estadual-95. Houve ainda um empate em 2 a 2 na edição seguinte desta competição, ocasião em que marcou os dois gols da partida; e ainda um outro em 1 a 1 no Estadual-97, única vez em que Renato, voltando de longa inatividade, passou em branco. De quebra, já como técnico, despachou o Fla na semifinal do Estadual-2003 com uma acachapante goleada de 4 a 0.
Curiosamente, Renato não enfrentou o Rubro-Negro em Brasileiros durante os anos em que comandou o ataque do Flu: em 95 e 96, por problemas de lesão; e em 97 por ter se transferido justamente para o rival já com o campeonato em andamento (a transação só foi permitida pela CBF porque o então jogador ainda não tinha atuado pelo Tricolor naquela competição).
Negar a importância de Renato Gaúcho para o Fluminense é negar o óbvio. Por razões profissionais, ele pode até não confirmar, mas o Tricolor é, disparadamente, o clube com o qual ele mais tem identificação no Rio de Janeiro.
Prova é que, após a eliminação para o Santos nas semifinais do Brasileirão de 95 (o Flu venceu por 4 a 1 no Maracanã e foi incrivelmente derrotado por 5 a 2 no Pacaembu. Por ter melhor campanha, o time paulista acabou passando à final), Renato, em entrevista à reportagem da extinta TV Manchete, chorou copiosamente no dia seguinte à eliminação por não ter conseguido dar ao Tricolor o esperado título nacional daquela temporada (o Flu não disputara a Copa do Brasil). Aos prantos e derramado em lágrimas, parando sucessivamente a entrevista, balbuciou: ”Tricolor, saia pelas ruas e vista com orgulho esta camisa, porque nós fizemos isso durante o ano todo”. Com aquelas palavras, Renato mostrou que o Fluminense não era simplesmente mais um clube em sua carreira. O Tricolor conquistara definitivamente seu coração, coroando um dos mais belos casos de amor do nosso futebol.
As estátuas de Castilho e Renato Gaúcho, agora eternizados, só ratificam o que disse o mais ilustre dos tricolores, Nélson Rodrigues: “Nas Laranjeiras, não se dá um passo sem tropeçar numa glória”.
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Antes uma presa fácil do Atlético-PR na Arena da Baixada, o Fluminense, nos últimos anos, vem dando sinais de estar aprendendo os atalhos do famoso estádio paranaense. De 2001 pra cá: o Flu já colheu três vitórias (2001, 06 e 07) e dois empates (2003 e 07) no campo do adversário.
Pela sexta rodada do Brasileirão, o Atlético-PR, que reestreava o técnico Antônio Lopes, desperdiçou a chance de liquidar a partida ainda no primeiro tempo, quando o Tricolor, envolvido, não jogou rigorosamente nada. Na etapa final, porém, os papéis se inverteram, com o Fluminense criando as principais jogadas de ataque. Numa delas, no último minuto, Carlos Alberto, que fazia seu 100º jogo pelo clube, desperdiçou de cabeça, livre de marcação.
Já Thiago Silva, cada vez mais ídolo, a exemplo do que fizera no Maracanã na partida de ida das quartas-de-final da Copa do Brasil contra o mesmo Furacão, marcou o gol tricolor no jogo.
E pensar que Dunga abriu mão de seu futebol para a disputa da Copa América, hein?
Melhor para o Flu, que ganhará um reforço de peso durante a realização da competição continental.
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Já está no ar o programa Rock Flu, do Portal da Torcida Tricolor (TT), em que participo como convidado. Apresentado pela simpática dupla Sérgio Duarte e Gustavo Valladares, a edição, comemorativa pela recente conquista tricolor da Copa do Brasil, está supercaprichada, trazendo gritos da torcida, uma bela seleção de bandas nacionais e internacionais e muito mais. Quem quiser baixar o programa, basta acessar www.rockflu.com.br
Diversão garantida!
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Piadinha da hora: informações dão conta de que o mais novo reforço tricolor vindo do São Caetano não é muito chegado a exercícios aeróbicos. Afinal, o atacante artilheiro do Campeonato Paulista SÓ MALHA.
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Jean no Flu? Quem sairá para a entrada do ex-jogador do Corinthians no ataque tricolor? Alex Dias?
A conferir.
Lua-de-mel no Maraca
O casamento do time do Fluminense com a galera tricolor, ao que parece, não tem dia e nem hora pra acabar. Na despedida do campeão da Copa do Brasil do Maracanã nesta fase pré-Pan o estádio fecha dia 20 de junho e o Tricolor só volta a jogar no Rio dez dias depois -, o Flu fez a festa com a sua torcida, com direito a nova volta olímpica, sapecando uma clássica goleada para cima do Sport: 3 a 0.
O primeiro tempo foi ruim? Pouco importa. Os quase 40 mil tricolores que foram ao estádio só queriam saber de festa: gritaram é campeão sucessivas vezes, pediram olé, cantaram o hino do clube, saudaram os jogadores, o técnico Renato Gaúcho, fizeram a ola… foi um show daqueles dignos da tradição verde, branca e grená.
Não bastasse tudo isso, o time deixou a ressaca no vestiário e voltou do intervalo disposto a mostrar um futebol condizente ao de um grupo campeão nacional, incendiando ainda mais as arquibancadas. A massa pó-de-arroz, então, jogou com o time, incentivando seus bravos guerreiros durante os 45 minutos finais. O time do Sport sentiu a pressão e, acuado, pouco agrediu a meta de Fernando Henrique.
Ao fim do jogo, alianças nos dedos, jogadores desceram ao vestiário e torcedores, as rampas do Maracanã. A lua-de-mel tricolor está longe do fim. ”Quero conquistar também o Campeonato Brasileiro. Falei aos meus jogadores que quem esmorecer e não correr vai sair do time”, disse o ídolo e técnico Renato Gaúcho.
É o Fluzão, que volta aos trilhos e faz a sua galera se emocionar.
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Há 11 anos, o jogador Renato Gaúcho, então técnico interino do Flu por estar operado, participou de uma das páginas mais negras da história do Fluminense ao perder por 6 a 0 para o Sport, na Ilha do Retiro. O desfecho daquela triste campanha todos nos já conhecemos: o gigante foi à lona, sendo rebaixado à divisão de acesso do nosso futebol.
A ciranda da vida mostra como nunca devemos desanimar e que a volta por cima pode não tardar. Contra o mesmo adversário, Renato Gaúcho, agora um técnico de fato, experimentou o sabor de dirigir pela primeira vez um time campeão nacional comandado por ele.
A derrocada e a glória em dois tempos. Coisas do futebol.
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O Sport, aliás, está se especializando em se tornar um autêntico arroz-de-festa. Há três semanas, já havia sido coadjuvante na festa pelo milésimo gol do Romário; e desta vez fez a alegria da galera tricolor no jogo que marcou a comemoração do título da Copa do Brasil diante da torcida carioca.
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A goleada do Figueirense de 4 a 0 sobre o Flamengo só serviu para valorizar ainda mais o título conquistado pelo Fluminense, que superou um adversário que mostrou não ter chegado à decisão por obra do acaso, e sim pela força do seu grupo e do seu futebol.
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E por falar em adversários do Fluminense na Copa do Brasil, dois deles voltarão a enfrentar o Tricolor na sexta e sétima rodadas do Brasileirão: Atlético-PR e América-RN, que irão atuar em casa. Naquela ocasião, foram derrotados: 1 a 0 e 2 a 1.
Difícil será acreditar que ambos jogarão estas partidas como se fosse apenas mais uma do Campeonato Brasileiro. Os fantasmas da recente eliminação ainda devem rondar as arquibancadas da Arena da Baixada e do Machadão.
Cabe ao Flu se impor como um autêntico campeão para voltar a superá-los em seus domínios.
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Título nacional, desfile em carro aberto, festa nas Laranjeiras, goleada na volta pra casa…
Como é doce o momento tricolor.
Apoteose tricolor
“Amigos, a humildade acaba aqui. Desde quarta-feira o Fluminense é o campeão do Brasil. Na maior decisão de todos os tempos, o Tricolor conquistou a sua mais bela vitória. E foi também o grande dia do Estádio Orlando Scarpelli, onde a massa pó-de-arroz teve o sentimento do triunfo. Aconteceu o seguinte: vivos e mortos ocuparam as arquibancadas. Os vivos saíram de suas casas; e os mortos, de suas tumbas. E diante da platéia colossal, Fluminense e Figueirense fizeram uma dessas partidas imortais. Daqui a 200 anos, o país dirá mordido de nostalgia: aquela final…”
Assim escreveria Nélson Rodrigues sobre a mais recente conquista tricolor. Dos céus, nosso torcedor-símbolo, orgulhoso, deve estar enchendo sua velha e surrada máquina de escrever de missivas vangloriosas ao seu (e nosso) Fluminense.
Enquanto isso, Gravatinha, que desde o jogo da volta contra o Brasiliense já havia assoprado a Renato Gaúcho o que aconteceria na decisão da Copa do Brasil (vide crônica A profecia tricolor), acompanhava, ao lado de seu criador, a multidão tomando as ruas do Rio de Janeiro e de todo o Brasil na justa e merecida comemoração da mais recente glória do clube. Em dado momento, sacou um charuto da cartola e, num misto de satisfação e autoconfiança, sintetizou:
“Estava escrito há três mil anos”.
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Este Gravatinha é mesmo um sábio. Lembrou-nos que todos os títulos do Fluminense na elite do futebol brasileiro foram conquistados contra clubes de cores preta e branca (Atlético-MG e Vasco), o que acabou se confirmando contra o Figueirense.
Já tem botafoguense dando graças a Deus por não ter chegado a esta final contra o Flu.
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Embora muitos tricolores não gostem de lembrar da conquista do Campeonato Brasileiro da Série C, em 1999 (queiram ou não, um título nacional), vale a pena mencioná-la para atentarem a uma incrível coincidência: a exemplo da final da Copa do Brasil, ela também foi conquistada fora de casa contra o Náutico, no Estádio dos Aflitos e com dois gols de um jogador também chamado Roger, nome do mais recente herói tricolor.
É ou não uma coincidência digna de Gravatinhas e Sobrenaturais de Almeida.
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E não é que o Renatão se deu bem de novo pra cima do Mário Sérgio. No placar, Renato 2 a 0. E o sonho catarinense de impedir o terceiro título nacional da história do Flu virou pó-de-arroz.
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Uma enlouquecida massa tricolor, aproveitando-se do feriado de Corpus Christi, tomou de assombro o Aeroporto Santos Dumont, para aguardar os campeões. Vendedores, assustados, chegaram a trancar a porta de suas lojas. Deveriam saber que os tricolores sabem fazer festa, sem vandalismo ou quebra-quebra. O coração verde, branco e grená, eufórico, só queria saber de comemorar.
O desembarque foi uma loucura. Era mesmo de se esperar que os jogadores não fossem passar pelo meio da galera, que cantou a plenos pulmões durante a espera da chegada do vôo. Olhos marejados e largos sorrisos indicavam o tamanho da felicidade tricolor.
Quando finalmente os jogadores começaram o desfile em carro aberto, milhares de pessoas, em êxtase, passaram a gritar, um a um, o nome dos jogadores campeões. Renato Gaúcho, que se diz um sujeito tímido, estava à frente do veículo, com seu tradicional óculos escuros, deliciando-se com cada gesto e reverência. Um ídolo a toda prova, sem dúvida. Com este triunfo, Renato Portaluppi entra definitivamente no hall dos principais profissionais da história do Fluminense. “Quero deixar um beijo no coração de cada tricolor de todo o Brasil”, disse o Rambo Tricolor.
A festa, que já havia varado a madrugada, continuou nas Laranjeiras, onde cerca de 20 mil torcedores comemoraram como há muito não se via. O que dá razão a Assis, que em entrevista ao Globoesporte.com falou que no momento em que o Fluminense voltasse a conquistar um título de âmbito nacional os estádios ficariam pequenos.
O carrasco rubro-negro tem razão: poucos espetáculos do mundo podem se comparar a um dia de torcida tricolor em festa.
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A Copa do Brasil, o terceiro título nacional do Fluminense, entra para a história como a mais importante da Era Unimed, que desde o segundo semestre de 1999, por acreditar na força da marca do clube, estampa o nome da empresa na camisa tricolor.
Em oito anos de parceria, quatro taças já foram levantadas (média de uma conquista a cada 2 anos): além da Copa do Brasil, o Campeonato Brasileiro de 1999 (Série C) e os Estaduais de 2002 e 2005.
E os dias de glória não devem parar por aí: o presidente da Unimed, Celso Barros, animado com a classificação à Taça Libertadores da América, promete abrir os cofres para a formação de um megatime na temporada de 2008.
Mais: durante a festa de comemoração do título nas Laranjeiras, o presidente do Flu, Roberto Horcades, prometeu fazer do Engenhão a nova casa tricolor em jogos do time. O estádio já teria até nome: Flunimed Arena.
O que só ratificaria esta já vitoriosa parceria.
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Definitivamente, visita de Papa ao Brasil significa título tricolor: à exceção de 1997, o Fluminense sagrou-se campeão nas outras duas visitas de João Paulo II ao nosso país. Em 1980, com um gol de Edinho, levou o título carioca; e em 1991, ficou com a Taça Guanabara, título simbólico correspondente ao 1º turno do Campeonato Estadual. E Bento XVI não fica atrás: bastou aparecer por aqui para o Tricolor faturar mais um caneco nacional.
A bênção, João e Bento de Deus!
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Véspera da grande decisão. De carona com meu velho para o trabalho, comento com ele. ”Acho que vou até a sede do clube amanhã para comprar o agasalho oficial do Fluminense. É lindo”, disse, ressaltando que a minha idéia era vesti-lo já no dia seguinte da possível conquista da Copa do Brasil.
A agenda apertada e compromissos profissionais impediram-me de ir até a Flu Boutique. ”Paciência”, lamentei. “Depois eu compro”. Caiu a noite e a bola rolou. Da empresa, passei a acompanhar pelo rádio o primeiro tempo da partida. No intervalo do jogo, já liberado, peguei um táxi até a minha casa para juntar-me ao meu pai e meu irmão na torcida pelo Tricolor. Apito final, muitos abraços e gritos efusivos no começo da nossa festa. Eis que, ainda no calor da comemoração, o velho me aparece com o tão desejado agasalho tricolor e me dá de presente.
Desabei. A emoção de ver novamente o Flu campeão do país e esta surpresa foram demais para meu pobre coração tricolor. Radiante, dei um demorado abraço em meu velho.
E nesta saudação emocionada, o eterno agradecimento: por ele ser meu pai e por ter feito de mim um torcedor deste gigante do esporte mundial chamado Fluminense Football Club.
A história em 90 minutos
Nesta quarta-feira, 6 de junho, milhões de tricolores de Norte a Sul do país pararão para testemunhar a finalíssima da Copa do Brasil. Diante de nossos olhos, 90 minutos que poderão nos colocar novamente nas alturas, após longos 23 anos de espera por um título de âmbito nacional. A torcida já lambe os beiços e conta o tempo para a chegada do possível momento histórico.
Em bela matéria publicada pelo site Globoesporte.com, o ídolo Assis, em entrevista ao repórter Emiliano Tolivia, destacou a força dos torcedores do Flu em todo o Brasil. “Sou abordado onde quer que eu vá, a torcida tricolor é imensa”, disse o carrasco rubro-negro, destacando ainda que a aflição dos tricolores pela taça é tão grande que os estádios ficarão pequenos quando o grito preso na garganta for finalmente liberto.
E eu assino embaixo. Somos o grandioso Fluminense Football Club e amamos as nossas cores. Não devemos temer nada. Portanto, estufem encorajadamente o peito e preparem os corações para a batalha de Florianópolis. Onze guerreiros estarão se matando em campo para dignificar a força do manto tricolor.
Não haverá mais vacilações, galera! É agora!
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Fluminense e Vasco resolveram repetir o filme de Flamengo e Botafogo e empataram mais uma vez, no Maracanã. Seis dos últimos sete confrontos envolvendo o Tricolor e o time cruzmaltino terminaram sem vencedor.
No clássico do último domingo, válido pela quarta rodada do Brasileirão-2007, o Fluminense, que mais uma vez jogou com todos os jogadores de linha reservas, até merecia melhor sorte, pois criou mais situações do que o Vasco, completo e com Romário, que tentava o gol 1001 de sua carreira. O Baixinho, aliás, foi justamente homenageado pela diretoria tricolor antes do início da partida.
Apesar das reverências, Romário foi praticamente um espectador em campo, já que pouco pegou na bola. E Fernando Henrique, mais uma vez mal-colocado no gol de Abedi, deverá ter mesmo em seu currículo a honra de nunca ter sofrido um do camisa 11 vascaíno. A exemplo de Paulo Victor, que nos anos 80 pegou o diabo contra o Baixinho, antes do atacante se transferir para o PSV (HOL), clube pelo qual, em amistoso que terminou empatado em 1 a 1, marcou pela primeira vez contra o Fluminense, em 1991 (não, rubro-negros, aquele que Romário fez na decisão do Estadual-95 foi apenas o segundo).
Mas se o homem de frente do Vasco não esteve bem, Thiago Neves, que vem aparecendo como boa opção para o meio-de-campo do Fluminense, foi um dos principais articuladores do time, criando dificuldades aos homens de marcação do adversário. O lateral-direito Rafael, que também balançara a rede na partida contra o Internacional, é outro que merece atenção. O gol do Flu, aliás, saiu no momento em que o time era mais perigoso em campo, o que voltou a se repetir na primeira metade da etapa final.
Já a expulsão de Maurício a dez minutos do fim até fez com que o Vasco desse uma blitz no Flu, mas, sem objetividade, o empate em 1 a 1 acabou sendo uma boa para o time dirigido por Celso Roth.
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Não é verdade que Rafael Moura não venha tendo oportunidades. O jogador já iniciou diversas partidas e, definitivamente, não emplacou. Atacante vive de gols e Rafael fez apenas 1 gol em todo o semestre.
Assim fica difícil, He-Man!
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Um saquinho de pó-de-arroz para quem adivinhar de que distância foi o gol sofrido por Fernando Henrique.
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Quinta-feira é feriado. A torcida tricolor agradece.
À glória, Fluzão!
Promessa de um artilheiro
”Vamos ser campeões lá dentro”, sentenciou o atacante Adriano Magrão, autor do gol de empate do Fluminense no primeiro jogo da final da Copa do Brasil. Com esta declaração, o jogador, que balançou as redes nas últimas quatro partidas da competição, mostrou à torcida com que espírito o time vai a campo na próxima quarta-feira, em Florianópolis (SC).
E, quer saber, temos razões de sobra para acreditarmos piamente que desta vez a taça não vai escapar das Laranjeiras. Afinal, as melhores exibições do time aconteceram fora de seus domínios, onde chegou invicto a esta finalíssima.
Achou ruim o 1 a 1? Aposto que você não queria estar na pele do Santos, que simultaneamente enfrentava o Grêmio pelas semifinais da Libertadores, no Estádio Olímpico, onde foi derrotado por 2 a 0. Ao Peixe, três gols são necessários; ao Flu, mísero um. Será algo tão difícil para um time que marcou fora de casa em todos os jogos?
E se você ainda está achando amargo este placar, o que dirá de um 2 a 2? Pois foi exatamente este o resultado do jogo de ida de Fluminense e Ceará pelas semifinais da Copa do Brasil-2005, em São Januário. O fim dessa história você já sabe: o Tricolor entrou no Castelão soltando fumaça pelas narinas e atropelou o time nordestino por 4 a 1, fazendo 2 a 0 logo nos minutos iniciais, o que praticamente selou a classificação à decisão.
E sigo firme neste propósito: tomou um aqui? Pois que faça um gol lá. Ou dois, se preferir, o que obrigaria o Figueirense a fazer três.
Mas se depois disso tudo, você insiste em continuar desconfiado, sugiro, por fim, que dê uma olhada no semblante do Gravatinha, que, desde o jogo de Brasília, quando profetizou o desfecho do campeonato, está numa tranqüilidade só (vide crônica A profecia tricolor).
A serenidade de quem acredita num clube tantas vezes campeão.
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Não vou entrar no mérito se ouve ou não falha de Fernando Henrique no lance em que o Figueirense abriu o placar. Mas vai gostar de tomar gol de longe assim…
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Ainda sobre o jogo: o gol que Ivan perdeu com menos de um minuto é inadmissível para um jogador profissional; Carlinhos voltou a atuar bem; Carlos Alberto, muito marcado, foi peça nula em campo; e Roger, que entrou no lugar de Luis Alberto, não pode ser reserva nesse time.
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Imagine a seguinte situação: atendendo a compromissos profissionais em sua empresa, um torcedor apaixonado não consegue sair do trabalho a tempo de assistir ao seu time de coração decidir um título nacional num dos maiores estádios do mundo. Rola a bola e, resignado, opta por sofrer, transferindo toda a sua angústia e desolação para as ondas do rádio.
Quando finalmente é liberado de seu ofício lá pelas tantas da segunda etapa, em vez de ir pra casa, ouve seu coração, que aflitivamente o convocava para apoiar o amor de sua vida, que passava por dificuldades na batalha campal. Aos 26 minutos do segundo tempo, na esperança de trazer sorte ao time e ver o suposto gol da vitória, finalmente chega ao estádio. Não demora para o então placar em branco variar. Mas não favoravelmente ao seu clube. De pé, este heróico torcedor se mantém firme, acreditando piamente no gol do empate, que só saiu no penúltimo minuto regulamentar. Tempestade de alegria e final quase feliz nesta trama que de fictícia não tem rigorosamente nada.
Pois aconteceu comigo, nesta que foi, sem dúvida, a maior provação de toda a minha carreira profissional.
O Fluminense me domina.
Renato 1 x 0 Mário Sérgio
De todas as editorias de esportes que li ao longo da última semana, nenhuma citou que os técnicos Renato Gaúcho e Mário Sérgio já travaram acirrado duelo também por uma fase eliminatória de uma grande competição. Aconteceu em 2002, quando Fluminense e São Caetano se enfrentaram pelas quartas-de-final do Campeonato Brasileiro. E Renato acabou levando a melhor, depois de vencer por 3 a 0 no Maracanã, e perder por apenas 2 no Anacleto Campanela. Na ocasião, o técnico do Azulão havia dito que o Fluminense era um time medíocre. De bate-pronto, Renato Gaúcho respondeu que o time medíocre disputaria as semifinais, e que o São Caetano assistiria aos jogos apenas pela TV.
E agora? Será que o Renatão leva a melhor de novo nesta finalíssima de Copa do Brasil? Os tricolores cruzam os dedos e torcem para que sim.
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Com todos os jogadores de linha reservas, pela terceira rodada do Brasileirão-2007, o Fluminense venceu o campeão do mundo por 3 a 0 no Maracanã, em partida que serviu de aperitivo para o primeiro jogo da grande final de quarta-feira, também no Estádio Mário Filho.
Destaques para o lateral-esquerdo Ivan, que talvez tenha feito sua melhor partida com a camisa tricolor; para o zagueiro Roger, principalmente pela jogada do terceiro gol, em que arrancou de maneira fulminante do campo de defesa até a linha de fundo, de onde cruzou para Rodrigo Tiuí, livre, marcar; e para o meia David, que produziu muito e deu uma linda esticada para o gol de Rafael.
A torcida tricolor, em reconhecimento ao esforço do time, que correu e lutou bastante, passou a gritar, um a um, o nome de todos os seus jogadores em campo. E o Internacional, que já havia perdido pelo mesmo placar para um time de suplentes do Flu, em 2005, assistiu passivamente ao domínio tricolor.
Tá ficando bonito, Fluzão!
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Nesta quarta-feira, mais do que nunca, vivos sairão de suas casas; e os mortos, de suas tumbas. Juntos, farão uma festa daquelas nas arquibancadas, empurrando o time para mais este caneco nacional.
Às 21h45, as cortinas do espetáculo se abrirão para o Maior Espetáculo da Terra.
A profecia tricolor
Pode comemorar, tricolor! O Fluminense está na final da Copa do Brasil, a terceira em 16 anos. Regido pela belíssima torcida pó-de-arroz, que fez uma linda festa na Boca do Jacaré, o time conquistou a mais importante classificação do clube nos últimos dois anos. Mas essa história começou muito antes do apito final de Paulo César de Oliveira.
Ato 1: As imagens de uma descontraída delegação do Fluminense no embarque a Brasília, publicadas em um jornal do Rio de Janeiro, já denunciavam que o final feliz era apenas uma questão de tempo. Thiago Silva, nosso zagueiro-líder, transbordava serenidade. Seu rosto trazia a certeza do triunfo. O atacante Adriano Magrão, um predestinado, sorria, com a íntima convicção de que novamente seria um dos heróis da classificação. E foi nesse alto-astral, cercado de energias positivas, que jogadores e comissão técnica chegaram à capital federal;
Ato 2: Cerca de uma hora antes do jogo, Gravatinha, o famoso personagem de Nélson Rodrigues que intitula esta coluna, baixa do além e chega ao estádio. Não quis saber de sociais, misturando-se à numerosa torcida tricolor, que já fazia festa em Taguatinga. E como, sabidamente, Gravatinha só comparece a jogos em dias de vitórias do Fluminense, todos que o cercavam vibraram como um gol com sua chegada;
Ato 3: Começa a partida e Allan Delon coloca o Brasiliense na frente. Desconfiados, tricolores passam a olhar de canto para Gravatinha, temendo pela validade do personagem. Será que, após a passagem de seu criador, Gravatinha não é mais o mesmo?, chegaram a pensar alguns mais ressabiados. Gravatinha, imóvel, apenas sorria;
Ato 4: Eis que, em meados da primeira etapa, o moribundo Sobrenatural de Almeida, esbaforido, também aparece na Boca do Jacaré. Como este outro personagem do dramaturgo nunca foi muito chegado a ajudar o Tricolor, a torcida se calou de vez, temendo pela desclassificação do time da tão sonhada decisão nacional;
Ato 5: Para nossa sorte, porém, o Sobrenatural de Almeida não queria nada com o Flu. Sua bronca era com o time de amarelo: as duas bolas na trave de Fernando Henrique e a expulsão de Carlos Alberto, do Brasiliense, que atuou durante todo o segundo tempo com um homem a menos, justificam a aparição do Imponderável no estádio;
Ato 6: Enquanto isso, de pé, Gravatinha aplaudia a exibição de gala de Arouca, o melhor do time, as defesas de Fernando Henrique (tem de mostrar mais regularidade, repetindo boas atuações como esta) e, claro, o gol de Adriano Magrão, a aposta de Renato Gaúcho, que, admitamos, acertou;
Ato 7: Ovacionados, os jogadores deixam o campo comemorando a classificação junto à eufórica torcida. A esta altura, Sobrenatural de Almeida, que já havia aprontado o bastante, não mais se encontrava por lá. O técnico do Fluminense, Renato Gaúcho, que fez questão de abraçar um a um todos os seus bravos guerreiros, sentiu um calafrio ao olhar para as arquibancadas e dar de cara com Gravatinha, que, quase sumindo, ainda teve tempo de lhe dizer algumas palavras. ”Renato, você é um ídolo dessa torcida, e sei que não a decepcionará. Por isso, ouça bem o que vou falar, pois ainda não fui comunicado de quando poderei estar aqui novamente: os outros dois títulos nacionais de nossa gloriosa história foram conquistados sobre clubes de cores preta e branca (Atlético-MG, em 1970; e Vasco, em 1984). Você por acaso sabe quais são as cores do uniforme do Figueirense?”.
E antes que Renato refletisse, Gravatinha sumiu, deixando o técnico tricolor hesitante sobre aquela suposta predição.
A profecia tricolor.
A hora e a vez do Fluminense
Ávida pela conquista do seu terceiro título nacional, a torcida tricolor espera que na próxima quarta-feira o Fluminense volte de Brasília classificado para mais uma decisão de Copa do Brasil. O sonho tricolor de disputar nova edição da Taça Libertadores da América não pode mais tardar. Afinal, são inúmeras as vezes em que o Flu bateu na trave para voltar à competição mais importante do nosso continente.
Fosse como hoje, quando os quatro primeiros colocados do Campeonato Brasileiro credenciam-se à disputa da Libertadores, o Fluminense já teria integrado nove vezes a competição sul-americana. Tradicionalmente um clube de chegada, o Tricolor terminou o Brasileirão entre essas posições em 1975, 76, 88, 91, 95, 01 e 02, além de nos anos de 70 e 84, quando conquistou os dois títulos nacionais de sua história (Taça de Prata e Campeonato Brasileiro). O Flu ficou pela bola sete também em 1992 e 2005, quando decidiu a Copa do Brasil, que também dá ao seu campeão uma vaga na Libertadores.
Por tudo isso, neste momento em que estamos a um passo de mais uma final, milhões de tricolores em todo o país esperam ansiosamente pela glória. Acreditamos que já é chegada a hora do clube voltar a triunfar em nível nacional. E a conquista da Copa do Brasil viria a calhar neste resgate de nossa dignidade, do orgulho de torcer por um dos clubes mais vitoriosos do país.
Acreditem, tricolores! A hora é essa! Vamos fazer valer nossa condição de gigante do futebol brasileiro, e nos impor nessas finais. A capital federal nunca mais será a mesma depois deste 22 de maio.
Treme, Brasiliense!!!
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Pela segunda rodada do Brasileirão-2007, um desentrosado Fluminense, com o time praticamente todo reserva, não chegou a fazer feio e sofreu uma derrota até certo ponto esperada. A lamentar, o lance do segundo gol do Grêmio, marcado pelo ex-pó-de-arroz Tuta, que empurrou clamorosamente o ex-gremista Roger, antes de concluir para as redes. Mais: por esta competição, o Fluminense não perdia para o time gaúcho no Estádio Olímpico desde 96. Vida que segue.
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E Magrão entrou para a história. Não, não estou falando do polêmico atacante tricolor. Refiro-me ao goleiro do Sport, que sofreu o milésimo gol da carreira de Romário.
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E por falar no Baixinho, como ele próprio admite, fez pouco pelo Fluminense. Com a camisa tricolor, Romário chegou a uma semifinal de Campeonato Brasileiro (2002); a uma decisão de Estadual (2003), que nem chegou a jogar, já que viajou uma semana antes para o mundo árabe; a uma final de Taça Guanabara (2004); e a uma outra de Taça Rio (2004), ocasião em que marcou o 900º gol de sua carreira. “Infelizmente não conquistei nenhum título com a camisa do Flu, que tem uma torcida linda e é um dos maiores clubes do país”, disse em recente entrevista ao programa Bem, Amigos, do canal a cabo SporTV.
Apesar disso, os tricolores guardam com carinho momentos marcantes de Romário, como a sua estréia diante de 70 mil pessoas no Maracanã, em partida válida pela primeira rodada do Brasileirão-2002, ano do centenário do clube. Naquele jogo, o Fluminense goleou o Cruzeiro por 5 a 1, e o Baixinho mostrou seu cartão de visitas, ao presentear a festeira e multicolorida torcida tricolor com dois gols. Ainda na mesma competição, em Campinas, o camisa 11 fez o gol da virada tricolor (3 a 2) contra a Ponte Preta, classificando o time às quartas-de-final. No ano seguinte, em jogo que marcou sua primeira despedida do clube, estufou três vezes a rede alvinegra na histórica goleada por 5 a 0 contra o Botafogo, no Campeonato Estadual. Em 2004, seu último ano no Flu, até chegou às duas finais de turno do Estadual, mas não brilhou. O gol de número 900 de sua carreira, de pênalti, contra o Vasco, clube com a camisa do qual marcaria o 1000º, foi mesmo o maior feito do Baixinho naquela temporada.
Muitos questionam o temperamento de Romário. Faz-se necessário, entretanto, até mesmo por uma questão de justiça e merecimento, ressaltar suas qualidades enquanto jogador. Para o ex-craque Tostão, por exemplo, o Baixinho foi o maior finalizador da história do futebol. Opinião parecida tem Johan Cruyff, integrante do Carrossel Holandês, seleção que encantou o mundo em 74. “Não há ninguém como Romário”, disse Cruyff, que se refere ao atacante do Vasco como Gênio da Grande Área.
Apesar de estar com sua biografia concluída, é a paixão pelo futebol que faz com que Romário não saiba quando largará os campos. O Baixinho vai adiando sua retirada por temer a dor que sentirá no seu adeus definitivo.
Mas seja lá quando for, obrigado por tudo, gigante Baixinho!
A estrela de Renato Gaúcho
Poucas pessoas personificam e encarnam tão bem o espírito tricolor quanto Renato Gaúcho, que tem a cara do Fluminense. Na última quarta-feira, os torcedores, que ocuparam três quartos do anel do Maracanã, mostraram o quanto o reverenciam, ao gritar seu nome, em uníssono, na belíssima vitória de 4 a 2 sobre o Brasiliense.
Caracterizado, enquanto atleta, como um ponta de muita raça e vibração, Renato parece encarnar os 11 jogadores. Foi assim no jogo de volta contra o Atlético Paranaense, na Arena da Baixada, no segundo tempo da estreia do Brasileiro, com o Cruzeiro, e principalmente nos primeiros 90 minutos da semifinal da Copa do Brasil.
Apontada por diversos analistas como uma equipe apática e sem ânimo quando sob comando de Paulo César Gusmão e Joel Santana, o Tricolor mudou da água para o vinho com a chegada de Renato ao comando técnico. “Comigo esse time vai jogar”, prometeu na apresentação.
Dito e feito.
Se ainda não é um primor de técnica, ao menos dá gosto ver o Fluminense raçudo, querendo jogo, como o que entrou em campo contra o Brasiliense. Thiago Silva, soberano, é aclamado pela multidão a cada grande atuação. Carlos Alberto é outro que não se entrega. O apoiador tem lá seus defeitos, mas se mostra incansável, faminto, quando em campo com a camisa tricolor.
Ainda sobre o meia, uma oportuna observação: talvez já seja hora de Renato escolher outro batedor oficial de pênaltis, já que seu aproveitamento não vem sendo satisfatório. Tirando a primeira cobrança contra o Brasiliense, por sorte invalidada, lembro-me, num primeiro momento, de outros dois pênaltis desperdiçados por ele: um defendido por Doni, na derrota por 1 a 0 para o Corinthians no Brasileirão de 2003, e outro, mais recentemente, na derrota também por 1 a 0 para o Botafogo no Estadual, este pego por Júlio César.
Mas falávamos de Renato. O técnico tricolor é tão autêntico que, contrariando quase toda a torcida, bancou a escalação de Adriano Magrão, que, é preciso reconhecer, correu muito, acabando como um dos destaques, ao participar diretamente de dois dos quatro gols. Já seu companheiro de ataque, Alex Dias, ainda está devendo, mas ganhou pontos ao marcar um golaço de trivela, o da virada.
Domingo, pela segunda rodada do Brasileiro, deveremos ter um confronto de mistões-quentes no Estádio Olímpico. Grêmio e Fluminense deverão voltar suas atenções para os jogos de volta da Libertadores e da Copa do Brasil, respectivamente. Principalmente o time gaúcho, que foi derrotado por 2 a 0 para o Defensor, no Uruguai.
É tempo de calçarmos as velhas e surradas sandálias da humildade.
Uni-vos!