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Candidato do grupo “Por Amor ao Fluminense”, Mauro Carneiro (60) é o último convidado da série de entrevistas com os candidatos à presidência do Fluminense, encerrada prematuramente mês passado (a coluna tentara contato com a assessoria de Carneiro e não obtivera retorno). Há uma década participando da política do clube, o engenheiro Mauro Carneiro ocupou a vice-presidência de Planejamento no fim do primeiro mandato da gestão de Roberto Horcades, quando David Fischel (ex-presidente do clube) ficou doente. Com a reeleição de Horcades, Carneiro seguiu na diretoria até o primeiro semestre deste ano, quando decidiu se lançar candidato, cujas propostas você conhece a partir de agora. Decisão de se candidatar Partiu de uma vontade pessoal e de sócios e engenheiros do clube que me consideraram em condições de liderar um processo. O grupo (“Por amor ao Fluminense”) entendeu que eu deveria me candidatar para ter liberdade de expor, olho no olho, os problemas do clube, que passam por um Conselho Deliberativo forte, que entenda bem a mensagem de contribuição efetiva. O atual é bastante complexo e não ajuda muito o presidente. Gestão Roberto Horcades O balanço final foi negativo. Roberto Horcades tinha todas as condições de fazer uma boa administração, mas por contingência política ou temperamento não conseguiu. Pessoas precisam de limites. O presidente do Fluminense não pode ter o poder de pagar R$ 1 milhão a jogador. É preciso explicar às pessoas. Dar uma satisfação antecipada ao Conselho Deliberativo. O caso Leandro Amaral é o perfil de todos os erros existentes no clube, inclusive institucional. O Fluminense jamais pode pretender um atleta sob contrato. É como eu ir jantar na sua casa e roubar sua empregada. O clube não poderia ter aliciado o jogador para largar o Vasco, que, municiado de documentação jurídica, levou-o de volta para São Januário, deixando o Flu com cara de pastel. Não se pode também fazer contratos que extrapolem o fim de um mandato. A não ser que o Conselho o implante como norma. Esses limites estão extrapolados no clube. Você não sabe quem manda e quando ocorre um problema, ninguém assume. Dívida Não a vejo como um problema insolúvel nem que tire o sono de qualquer presidente. Mas é preciso ser responsável e entender que ela deve ser paga. No modelo atual de gestão, porém, nunca vai diminuir, só aumentar. Por isso, nossa primeira responsabilidade será de mudança. Inserimos na nossa proposta um conceito de divisão das estruturas (Xerém, esportes olímpicos, futebol…) para a implantação de unidades de negócios em cada uma delas. Desta forma, torna-se possível fazer uma análise mais profunda destes segmentos. Já o futebol também tem de ter suas verbas e despesas. O departamento tem de trabalhar dentro de um orçamento específico. Do contrário, acontece o que vemos: esportes olímpicos deficitários, Xerém sem verbas… No ano passado o Flu teve cinco treinadores caros (Renê Simões, Carlos Alberto Parreira, Vinícius Eutrópio, Renato Gaúcho e Cuca) e contratou mais de 40 jogadores. Este ano, estamos indo pelo mesmo caminho (interrompo, argumentando acreditar que as contratações realizadas este ano foram feitas com mais critério, sem excessos. Ao que Mauro responde: “O critério pode ser outro mas o modelo é o mesmo”). E não vai parar por aí, porque as pessoas no clube acreditam que isso vai dar certo um dia. Só que há dez anos não vem dando. Nós acreditamos que não dará certo nunca. Unimed A relação vai ser de instituição para instituição. Apenas isso. Vou colocar para o presidente da Unimed os interesses do Fluminense. Se ele concordar, bem; se não concordar, eu não posso fazer nada. Ele tem que tomar conta do negócio dele, e eu, do meu. Não posso deixar o clube atrelado aos recursos que ele possa me dar. Também não posso permitir que o Fluminense continue com um patrocinador exclusivo. Creio que essa exposição demasiada não faça bem nem a ele mesmo (Celso Barros). Ninguém sabe, por exemplo, o nome do presidente da Adidas, da Batavo, da Sony, da LG, Gillette… O Fluminense tem uma marca boa, é um clube com história. Um projeto bem montado, sério e sustentável irá atrair várias outras empresas, o que será bom também para a Unimed, que não ficará com este peso exclusivo em suas costas. Traffic Tem interesse em negociação de jogadores e participação em passes, no que não vejo problema nenhum. O Fluminense não é uma entidade pra ter lucro. É uma entidade civil, sem fins lucrativos. Dirigente é dirigente. Empresário é empresário. Não é o clube que tem que correr riscos. Quem tem de corrê-los é ele (empresário), que tem que botar o dinheiro e esperar algum resultado. Se não der certo, também será ele quem irá perder. Mas haverá, sim, espaço para empresário. A Lei Pelé, salvo por alguns clubes, até hoje ainda não foi muito bem compreendida. Pode-se trabalhar com fundo de investimento, com pool de patrocinadores… Não é pegar o empresário e discriminá-lo. Muitas vezes, o dirigente não quer o empresário a serviço do clube porque ele quer ser o próprio empresário. Em 2005, tínhamos um banco repleto de jogadores revelados no clube. E agora? No momento em que um jovem deixa o clube, é preciso montar uma estrutura de negócio que permita administrar bem isso. E, para tanto, é preciso ter um parceiro, pois nem sempre o clube sozinho consegue segurar o atleta. Direito econômico é uma questão que não me preocupa. Se eu investir um tostão, vou querer um retorno do dinheiro investido. Se eu não tiver que colocar nada, ótimo também. Eu quero é ter um time vencedor. Xerém Precisa de algumas adequações, em face de ausências de investimentos humano, patrimonial e físico nos últimos 26 anos. É uma situação inaceitável, uma vez que cinco por cento dos direitos de formação dos atletas são oriundos do CT de base. Quando um Carlos Alberto ou um Marcelo é vendido, de alguma forma, esse dinheiro chega ao Fluminense. É preciso que o clube comece a enxergar as suas contas e que estas não sejam omitidas nem escondidas dos sócios. Se um presidente não dá essa transparência, é porque algo de errado tem. Pretendemos criar um complexo para levar todo o futebol para Xerém. Queremos os profissionais integrados às demais categorias de base, o que não quer dizer necessariamente que todos vão treinar no mesmo campo. Faremos drenagem no campo, melhoria no vestiário e adequações no hotel para que o time profissional também se concentre em Xerém. É preciso ter este conceito: de que o futebol é uma coisa só e que tem de estar, portanto, agregado. Prioridade Nenhum esporte terá mais atenção ou privilégio que outro. Claro que o futebol requer mais recursos, mas não terá mais atenção, por exemplo, que o tênis de mesa, que será trabalhado dentro da unidade de negócios. Cada um vai trabalhar com suas receitas e dentro de seu nível de exigência. Nossa preocupação é também com as relações institucionais, como os profissionais de imprensa, clubes coirmãos, e com nossos funcionários, sócios e torcedores. Estádio Um erro que o Flu acumula há 40 anos. Entendo que a partir do momento em que o governo do estado cortou o nosso estádio, o Flu já deveria ter começado a procurar uma solução. Um grande clube de futebol não pode deixar de ter um estádio. Isso é primário. Em 1984, demos um passo importante com o CT de futebol. Já naquela época, entendia-se que a preparação dos atletas não deveria ser feita num único campo. Da mesma forma que se tinha essa visão, dever-se-ia atentar para o estádio próprio. Corremos agora atrás do tempo perdido. Para um clube como o Fluminense é desagradável ficar nessa de inquilino. Você nunca sabe o dia em que vai ter que sair… Para os próximos anos, entendo que, pela proximidade, o Engenhão seria a melhor opção, mas pretendo fazer uma enquete para saber o que os torcedores pensam a respeito. Se optarem por Volta Redonda, terei de criar uma logística pra eles (transporte, acomodação…). Participação da torcida em decisões do clube O Fluminense pode, institucionalmente, organizar uma associação de torcedores, que seria ouvida através de uma política de relacionamento. Representaria um braço do clube, com uma pessoa jurídica que representasse a voz da torcida. Assim, quando ele se dirigir a mim, será como se estivesse dialogando com todos os torcedores. De maneira igual, quando eu me pronunciasse, estaria sendo a voz da instituição. Com milhões de torcedores espalhados por todo o país, precisamos inseri-los no Fluminense, o que é diferente de pegar 500 torcedores e colocá-los no clube. Não agregaria valor humano. O projeto que elaboramos de distribuição de ingressos por muitos pontos de venda é uma demonstração do respeito que temos pelos torcedores. É inaceitável que fiquem quatro horas na fila ou saiam de Niterói para comprar ingresso nas Laranjeiras. Creio que a venda em correios, lotéricas e outras agências criaria facilidades e animaria mais o torcedor a ir ao estádio. Não adianta apenas pedir o comparecimento do torcedor. É preciso que se crie uma ação em que ele sinta que a instituição zela por ele, produzindo em seu benefício. Ouvidoria Acho importante que o sócio, o tricolor, que é apaixonado pelo clube, tenha o direito de acompanhar tudo. Ele tem de entender e participar. Criaremos uma política de relacionamento e diálogo. E, se preciso, faremos algumas coisas que, num primeiro momento, possam parecer dolorosas, para colhermos frutos na frente. Por exemplo: hoje o Flu tem 80 meninos em Xerém. Mas será que é este um número equilibrado, produtivo, de custeio de caixa? Se o clube contasse com 50 ou 55 garotos, não seria melhor para o clube e para os próprios atletas? Então teremos de mandar gente embora. Teremos que encontrar um ponto de equilíbrio em tudo. Hoje o Fluminense está completamente desequilibrado. Esportes Olímpicos Temos que ser um clube-modelo também nas instalações de esportes olímpicos. No nosso conceito, o Fluminense tem de ter um Centro Olímpico fora das Laranjeiras e núcleos menores (vilas) dentro de um programa voltado pro terceiro setor. Assim, as instalações do clube serviriam mais ao sócio e a atletas não filiados ao clube. Municípios e políticos já enxergaram que o esporte é uma grande saída social. Vide a vila olímpica levantada na Rocinha. Só que pecam ao não inserirem instituições esportivas nestes projetos, que são comumente ligados a associações de moradores. É um erro: não adianta ter um CIEP se não tem ninguém para lecionar. Não se consegue lapidar talento naquele lugar. Há muitas maneiras de se levantar recurso em trabalhos deste tipo. Um deles seria através da acordos com as prefeituras: o Flu, que paga INSS, levaria seus profissionais para a Vila de um determinado município e, em troca, ganharia isenção fiscal, o que já ajudaria na redução gradual de sua dívida fiscal. Socialmente, também traz grande benefício, vez que o governo também está deixando de gastar. E quando a questão começa a evoluir, chama naturalmente a atenção de empresas. Mas tem de ser um projeto sustentável, que seja bom pro clube, pro governo, pra sociedade, pra todo mundo. O projeto do Centro Olímpico já está bem adiantado. Será na Ilha de Guaratiba num terreno que pertence a uma entidade que tem interesse na parceria. Ou seja, eleito ou não, o que eu puder fazer para ajudar o Fluminense, vou fazer. Nosso foco é trabalhar institucionalmente, resolver os problemas do Flu e deixar ele continuar a fazer sua história. Marketing Se não se fizer um projeto de regionais, não se consegue montar um planejamento de marketing eficiente. Tem que fazer o marketing ir até o consumidor, representado por nove milhões de torcedores. A bilheteria dos jogos é uma grande fonte de renda pro clube, mas se o time começa a despencar na tabela, a receita acompanha e o clube entra em desequilíbrio. Por isso, com um plano de marketing eficiente, como o programa de adesão do Internacional, e um estádio próprio, eu já não me preocuparia mais com o ingresso. Abriria os portões, porque passaria a contar com uma renda fixa. Se você é sócio e já me paga, eu tenho obrigação de criar um setor no estádio pra você. Não posso cobrá-lo duas vezes. Com isso, estou estimulando você a se associar e não estou perdendo na renda. Não queremos inventar a roda nem mudar o Fluminense. Vamos apenas consertar os erros do clube. 106 comentários » “Vou revolucionar o Fluminense” sex, 10/09/10por joao marcelo garcez |categoria Entrevista Peter Siemsen é o convidado da coluna para o encerramento da série de entrevistas com os presidenciáveis do Fluminense. A nova sabatina com o candidato de oposição visa a atender à neutralidade e igualdade para com os concorrentes, vez que o advogado (43), como Rodrigo Nascimento (renunciou à candidatura), teve sua matéria publicada há mais de um ano do pleito, marcado para novembro. Por esta razão, a exemplo do procedimento adotado com o candidato da situação, Júlio Bueno, o Blog do Flu agendou a entrevista com Peter Siemsen para a semana seguinte ao lançamento de sua candidatura, período adequado para a maturação dos respectivos planos de gestão. O resultado você confere a seguir. Por que quer ser presidente Sinto-me empolgado e absolutamente preparado para ser o presidente. Quero dar ao Fluminense uma cara de Fluminense. A cara de um clube educado, sério, comprometido e absolutamente transparente. Vou resgatar a história do Fluminense, importantíssima e hoje totalmente esquecida. O clube foi um ícone da sociedade carioca, sobretudo quando o Rio de Janeiro era a capital federal. A história do Flu é grande o suficiente para a construção de um museu. Resgataríamos a nossa história e, ao mesmo tempo, a cidade ganharia um centro de visitação para turistas e estudantes. O Museu do Fluminense é não só uma promessa como uma vontade enorme que tenho. Será um de meus maiores objetivos. Mas resgate da história não se dá somente através de museu. Dá-se também através da construção de restaurante temático, sala multimídia com cinema, acesso à internet… A gente precisa criar um centro de entretenimento do tricolor, um local para venda de camisas, para conhecer ídolos do passado, assistir a jogos do Flu com mando adversário e promover congraçamento entre torcedores e sócios do clube. Marca Flu Quando vou ao mercado e discuto o valor do Fluminense, vejo o quão pouco estamos ganhando. O valor de mercado do Flu é muito maior. Os parceiros com quem trabalhamos sabem deste valor e do potencial que temos para trabalhar a marca do clube. Tenho absoluta certeza de que vamos revolucionar o Fluminense, através de ações conjuntas de marketing. O Corinthians, por exemplo, copiou o modelo do Real Madrid, aplicando-o no Brasil com o caso Ronaldo Fenômeno. O retorno publicitário foi incrível. Buscaremos a internacionalização do Fluminense, vamos levá-lo à liderança. Com o resultado esportivo aliado à parceria comercial a ao nível dos atletas que o clube hoje dispõe, além dos que ele pode produzir na base, temos todas as condições de levá-lo ao patamar número um de receita no futebol brasileiro. Gestão Roberto Horcades Não tenho nada contra a pessoa do Roberto Horcades, mas entendo que ele perdeu uma oportunidade ímpar de sanear e transformar o Fluminense. Tinha a faca e o queijo na mão: o melhor patrocinador do país, Ato Trabalhista, Timemania e fluxo de caixa crescente. O Fluminense é hoje o líder do ranking de clubes endividados do Brasil (de 2005 a 2009, a dívida do Fluminense pulou de R$ 166 milhões para R$ 320 milhões). Traffic Nosso objetivo é diluir a participação da Traffic no Fluminense. Desejamos que o clube detenha pelo menos 75% dos direitos econômicos dos atletas, salvo os casos negociados ainda na gestão atual. Relação com a Unimed Respeitaremos o modelo de contrato já existente entre as partes. Meu acordo com o Celso Barros (presidente da Unimed) prevê um planejamento de gestão compartilhada, no qual o Fluminense e a patrocinadora participam, além de todo o grupo de trabalho responsável pelo futebol Tenho absoluta confiança na nossa capacidade de gerar recursos, de aumentar receitas, de reduzir custos, de reorganizar o Flu, saber usar tudo o que o mercado oferece em termos de projetos incentivados e financiamento. Soma-se nossa habilidade de fazer uso de operações financeiras que gerem ao clube uma liquidez importante. Quero que a Unimed foque somente no futebol profissional, fazendo-o campeão e contratando atletas de enorme valor esportivo (o contrato de imagem representa o que o jogador construiu de valor comercial no mercado). Através dos departamentos de Marketing e Comercial, vamos gerar grandes receitas sobre eles. Centro de Treinamento Vamos imediatamente colocar um plano na rua para viabilizar a construção de um Centro de Treinamento, que é uma demanda não só do patrocinador, como dos torcedores, atletas e do técnico Muricy Ramalho. Um terreno de 50 mil m² em Pedra de Guaratiba é hoje a alternativa mais viável. A construção do CT, junto à geração de caixa (todas as receitas de TV de 2011 já foram antecipadas), será nossa prioridade máxima. Vamos iniciar uma auditoria para que possamos criar o ponto zero. Só assim poderemos informar aos torcedores, sócios e à mídia de toda a situação do clube. Êxodo de jovens talentos A divisão de base vai ser um projeto estratégico da presidência, tamanha a sua importância. Xerém é totalmente viável, mas, com infra-estrutura inadequada, carece de investimentos. Com um projeto incentivado, poderemos modernizar e pagar parte da manutenção do local. Criaremos a “Fluminense – Agência e Consultoria”. Nela, será oferecido um apoio de plano de carreira ao jovem atleta, que será selecionado por uma equipe técnica de avaliação. A criação desta empresa será fundamental para que possamos substituir um pouco a figura do empresário no clube. Trabalhamos também para a criação de um fundo dedicado, visando investimentos pontuais em Xerém, através do sistema de venda de cotas de atletas. Dívida A dívida do Fluminense hoje está parada. Fica só na correção, o que a transforma numa bola de neve. O clube continua não recolhendo a contribuição social e retendo o IR (não repassa à União). Desta forma, meu primeiro objetivo será voltar a pagar o corrente, ponto principal da dívida fiscal (hoje na Timemania). Isto é uma obrigação, um compromisso meu. Já a dívida trabalhista representa aproximadamente 40% da dívida total. Um valor muito alto, que deixa o clube numa situação muito ruim. O Flamengo, por exemplo, embora deva um pouco menos que o Flu, tem uma composição muito boa de sua dívida, porque a maior parte dela está na Timemania (a parte trabalhista é pequena). Desde setembro de 2007, quando o Fluminense perdeu o Ato Trabalhista (protegia o Flu de penhoras e dívidas trabalhistas; retia apenas 15% dos valores recebidos pelo clube), fez cerca de 60 acordos com alguns de seus maiores credores. Destes, mais de 30 já tornaram a ter execução, com a diferença que com uma multa de 70% sobre o valor original, fora este. Isto é, o Fluminense não só não paga, como ainda faz novas dívidas em cima das já existentes. Por isso, faremos um choque de gestão, uma auditoria completa nos processos administrativos do Fluminense. Temos que pensar a longo prazo, reorganizar e planejar o futuro do clube. Se aliarmos o trabalho da redução de custos ao que exploraremos na área de marketing, temos condições de aumentar consideravelmente o faturamento do Fluminense. Com isso, teríamos mais liberdade financeira com a receita do clube, o que nos ajudaria tanto no planejamento de investimentos internos quanto no piso que utilizaremos para equacionar as dívidas. Temos a obrigação de manter em dia os acordos feitos. Pretendemos ainda trabalhar o novo futebol com um orçamento fixo. Com isso, saberemos exatamente quanto gastaremos durante todo o ano no futebol. A partir daí, estaremos também com os orçamentos fixos para o restante do clube. Durante um período da gestão, pretendemos usar todo o valor de renda e de receita extraordinária de transação de atletas para pagar a dívida, isto é, esta receita extraordinária não poderá ter função de cuidar da despesa ordinária do clube, como o pagamento de atrasados. Com um pouco de austeridade, organização e planejamento, entendo ser, portanto, bastante possível trabalhar a dívida do Fluminense (hoje, calculada em mais de R$ 320 milhões). A idéia é que nos três primeiros anos já tenhamos reduzido em pelo menos 40% a dívida trabalhista do clube. Arena Tricolor Estou a par do projeto, mas não é nossa prioridade. A arena só seria viável se entendêssemos que o objetivo maior seria um estádio próprio, o que não é o caso. Pretendemos renegociar a relação do Fluminense com o Maracanã, incluindo o Flamengo, com quem queremos trabalhar em conjunto para fazermos um novo pacto. Nele, ambos os clubes seriam os proprietários do evento. Hoje, Fla e Flu recebem apenas 48% da renda líquida de bilheteria e mais nada pelo restante da área. Mas se o estado – dono do Maracanã e negociador da relação com o estádio – não tiver interesse que Fluminense e Flamengo, marcas muito fortes internacionalmente, sejam proprietários de seus eventos, então teremos realmente que trabalhar a direção da construção de um estádio próprio. Nota: o candidato citou o Engenhão como opção para o Flu enquanto o Maracanã não for reaberto. Esportes Olímpicos Como ex-atleta olímpico (pelo Iate Clube), sei da importância do esporte na formação de um cidadão. Por isso, admiro muito as escolinhas do Fluminense, das quais tenho uma ligação próxima. Recentemente, conversei com lideranças dos esportes olímpicos do Flu, que certamente me ajudarão no planejamento de gestão. Hoje, nossas escolinhas são bem-estruturadas, mas é preciso ainda melhorá-las em esportes secundários. Trabalharemos para cooptar parceiros específicos a cada modalidade. Já estamos, inclusive, trabalhando com ações específicas. Uma delas, diz respeito a uma equipe de ponta que estamos trazendo para uma importante modalidade (judô). Criaremos o “Instituto Olímpico do Fluminense”, através do qual será possível reestruturar instalações, investir mais na formação de atletas e, com a atuação do Marketing, vender ao mercado projetos de parceria e patrocínio para formação de equipes adultas. O Flu precisa hoje de credibilidade no mercado, para atrair parceiros potenciais. Cidadania Tricolor A política do Fluminense é muito ruim. Na outra campanha, ia às Laranjeiras e me sentia mal. Além de mal gerido, falta respeito e auto-estima ao clube. Fiquei pensando, então, em como mudar isso, como fazer para que o espírito democrático prevalecesse no Fluminense… Chamei várias pessoas na Internet e propus o envolvimento delas no lançamento de uma campanha política. O resultado foi muito legal. Não houve patrulhamento, exigência, só emoção. Criamos o SATT e conseguimos centenas de associados de todo o país. Isso mexeu comigo e vi que não poderia fugir da minha responsabilidade. Resolvi então expor minhas idéias e me candidatar. Sócios e torcedores Um de nossos objetivos é ter 40 mil sócios ao fim dos três anos de mandato. Torcedor é cliente; sócio é dono e cliente. Para convencer 40 mil a se associarem, é preciso criar condições positivas. Recursos serão fundamentais para equacionar, melhorar e aparelhar o clube, estruturar o atendimento ao sócio, ao torcedor… Para tanto, precisamos de recursos ordinários, de uma renda mensal. Esta é, obviamente, uma meta atrelada à associação ao clube. Não podemos, porém, de maneira nenhuma, deixar que a política afete a gestão. Vamos acabar com a política clientelista, de favorecimentos… A diretoria participará da vida social do clube como qualquer outro sócio. Não haverá privilégios a ninguém. O Fluminense será administrado em nível empresarial. 289 comentários » “Somos Unimed Futebol Clube” dom, 27/06/10por joao marcelo garcez |categoria Entrevista Crítico ferrenho da parceria do Fluminense com a Unimed, Ricardo Tenório (49) diz ter uma missão. “Tenho o dever de expor as mazelas do clube”. Seu desejo de se lançar candidato vai, porém, além disso. Quer montar uma estrutura sólida na diretoria, que não sofra interferências externas. “Não vou admitir nenhum modelo de gestão que não seja o feito pelo clube”. Vice-presidente de futebol até janeiro deste ano, afirma ter sido vítima de uma engrenagem condenada e nada hierárquica. “Celso Barros hoje manda e desmanda no Flu”, diz, referindo-se ao presidente da patrocinadora, que aponta como dispensável ao clube. “O Fluminense não vai acabar sem a Unimed”. Antigo aliado do candidato Peter Siemsen, com quem rompeu recentemente, Ricardo Tenório é hoje apoiado pelo grupo ligado a Rodrigo Nascimento. Além dele, não descarta uma aliança com Alexandre Cony e até com Júlio Bueno, com quem já iniciou conversas. Empresário da área financeira e hoje atuando na imobiliária, Ricardo Tenório é o sexto convidado da série com os pré-candidatos à presidência do Fluminense (veja as demais no link Entrevista, à direita da coluna). Apaixonado pelo Flu, do qual é freqüentador desde criança, Tenório fala, entre outras coisas, de seus projetos à presidência, relação com a Traffic, clube-empresa, Xerém e da importância de uma maior valorização da marca. “O Marketing será prioridade na minha gestão”. . Histórico político Apoiei na última eleição (2007) o pré-candidato Júlio Domingues, que acabou renunciando em favor de Peter Siemsen. A partir daí, trabalhei bastante para que ele fosse eleito. Com a vitória de Roberto Horcades, segui fazendo saudável oposição até que fosse convidado, setembro passado, para o cargo de vice-presidente de futebol. De lá até 21 de janeiro, me dediquei exclusivamente ao Fluminense. Conseguimos uma fantástica reação no Campeonato Brasileiro, que guardo realmente com muito orgulho (a permanência na Série A, mesmo com 99,9% de chances de queda, segundo matemáticos). Mas em 2010 a coisa esquentou, e houve um processo de fritura muito grande. Confiei em quem não tinha que confiar, no caso, o Alcides Antunes (atual vice-presidente de futebol), que era meu assessor direto e que, depois, acabou tomando o meu lugar, até pela fraqueza do presidente. Era quando eu deveria ter o respaldo dos meus pares, Peter Siemsen (candidato da Flusócio e antigo aliado político de Tenório) e Mário Bittencourt (advogado do clube), em quem acreditava (pára e faz um parêntese). Mário sequer tinha autorização para entrar no Departamento de Futebol pelo vice-presidente anterior (Tote Menezes), mas quando assumi, convidei-o para arrumarmos a casa e toda a área administrativa, muito ligada a contratos. Na época, achei a idéia fantástica. Porém, Mário se mostrou uma pessoa fiel ao Peter. Com ele, a coisa não funcionava como uma relação de interesse do Fluminense, mas de Peter. Vi então que não daria para continuar daquela forma, com muitas coisas erradas, como a relação com o patrocinador (Unimed)… Peter tem um comprometimento e um compromisso muito grande com esse patrocinador, não sei se por ele ser cliente do seu escritório ou não, não vou entrar nesse mérito. Sei que ele ficou temeroso quando eu disse que seria inviável esse modelo de patrocínio (Tenório afirma que o presidente da Unimed, doutor Celso Barros, participa diretamente de decisões do clube, como escalação de jogadores, dispensas e contratações). A partir dali, ele tomou o caminho dele e eu, o meu. Por isso também estou me candidatando à presidência do Fluminense. Tenho a obrigação de expor as mazelas do clube e, claro, condições de ajudar. Alianças Há possibilidade de uma aliança com o pré-candidato Alexandre Cony. Busco alianças em todos os setores do clube. Já conversei também com o Júlio Bueno, mas vamos ver como as coisas vão ficar mais pra frente. Com Peter já não tenho mais nenhuma relação. Sou candidato e vou pra briga. Como outros dois candidatos, tive uma conversa com o pessoal dos esportes olímpicos, de quem busco apoio, por mim considerado fundamental. Unimed Respeito muito a patrocinadora (Unimed) pela parceria de mais de dez anos com o clube. O grande problema é que de uns tempos para cá quem ficou como gestor de futebol do Flu foi o gestor da Unimed. Ele manda e desmanda. Somos, na verdade, a Unimed Futebol Clube, e não o Fluminense Football Club. Quando o Flu ganha, é porque temos a Unimed; quando perde, é porque há uma porção de incompetentes na diretoria do clube. Hoje, a Unimed não coloca um centavo no clube, só por fora. Não aceito a alegação de que não se pode fazê-lo sob risco de penhora. Ora, só há execução e penhora justamente porque não há o que seria a maior receita. Se eu for eleito, vou montar uma equipe de profissionais com expertise que me dê condições para fazer uma boa administração. Não vou admitir nenhum modelo de gestão que não seja o feito pelo Fluminense. Em todos os outros clubes do país, não é o patrocinador que decide quem vai jogar, quem vai ser contratado… São apenas parceiros, com suas marcas expostas em camisas. O Fluminense não vai acabar sem a Unimed, como temem. Essa dependência é que me preocupa, como me preocupa também a forma com que Celso age, dizendo que todos são incompetentes lá dentro, e que o bom é ele. Recentemente, li num site inglês uma matéria sobre o Deco em que Celso Barros era citado como o presidente do Fluminense. O site nada mais disse do que a realidade, vez que quem comanda, quem negocia e quem paga é ele. Nada contra os jogadores que contrata, mas acho que a expertise tem de ser do clube. Quando estive na vice-presidência de futebol, contratei um profissional para que fizesse um levantamento dos jogadores das séries A, B, C e D, bem como de todos os jogadores brasileiros que atuam no exterior. Celso Barros simplesmente não levou nada em consideração. O que interessa ao presidente da Unimed são os empresários que o procuram para negociar diretamente com ele, que diz quanto vai pagar, isso e aquilo. Depois, pega o telefone e apenas comunica ao clube. Foi assim com o meu antecessor (Tote Menezes), que, na minha opinião, é funcionário dele, bem como o atual (Alcides Antunes), que rasga elogios a ele na mídia, que, é afinal, o que interessa a ele, vez que seu ego é muito grande. Então, essa relação é promíscua, ruim para o clube. Só que o Fluminense, comigo eleito, vai ser um clube mais forte. (Lembro que o presidente da patrocinadora já ocupou a vice-presidência do Fluminense, em 2004, mas que saiu poucos meses depois. Pergunto se uma eventual volta de Celso Barros à diretoria não minimizaria os efeitos por ele considerados nocivos da relação, e Tenório me responde com outra pergunta). E você prefere ser a vidraça ou a eminência parda? Traffic e Maicon Tive ótimo relacionamento com a Traffic durante o período que estive na vice-presidência. Uma relação como essa deve ser sempre equilibrada. Felizmente, tive de Júlio Marins e Fernando Gonçalves (representantes da empresa) um bom respaldo. Eles entendiam a posição do clube, sem deixar, claro, de se posicionar de acordo com seus interesses. No caso específico de Maicon, havia uma pressão muito grande para a sua venda no fim do ano. A Traffic tinha ofertas razoáveis em relação ao investimento feito. Mas fiz um acordo com eles para mantermos Maicon pelo menos até o meio deste ano, já que o jogador vinha evoluindo e certamente nos daria um retorno técnico no Campeonato Estadual e na Copa do Brasil. Eles foram corretos, iriam cumprir nosso acordo. Só que eu deixei o clube. E mesmo comigo de fora, eles me ligaram para explicar o rumo das negociações. Por isso, a relação com a Traffic será boa, como também era com o Grupo Sonda, com quem vou retomar. Houve um rompimento depois de um problema envolvendo a venda de Thiago Neves, em que o ‘gestor’ Celso Barros não foi muito correto com eles. Por isso que o Flu tem uma posição que precisa ser definida. Quem fala pelo clube? Não é o presidente, nem o vice. É certamente o patrocinador. Gestão Roberto Horcades É preciso considerar que, neste período, o futebol foi gerido pela Unimed. É preciso, portanto, dividir o ônus e o bônus com ela. Já sob o aspecto social e dos esportes olímpicos, a gestão de Roberto Horcades foi um desastre. Administrativamente, o Flu só fez mergulhar em dívidas e ver crescer o buraco. Fluminense S.A. Existe hoje no clube uma divisão pessoal, e não ideológica, de pessoas ligadas ao social e aos esportes olímpicos. No fundo, deve-se priorizar o que é melhor para o Fluminense. Vou equilibrar o clube, mas o Departamento de Futebol deve ser tratado à parte. O clube-empresa é viável. O futebol hoje no mundo é uma indústria, que gera e movimenta bastante dinheiro. Já o clube social deve ser tratado como tal, há que se ter respeito pelos associados, que desejam ver instalações aparelhadas, como os atletas de modalidades olímpicas, só lembrados em época de eleição. Temos tradição em vôlei e basquete, temos que resgatá-la. Por isso, gostaria de contar com o apoio das pessoas que compõem os esportes olímpicos do clube. Futebol O Fluminense não sobrevive sem um bom time de futebol. Aliás, nenhum grande clube consegue se manter só com a política do bom, bonito e barato. Os investidores estão aí. Hoje, cabem investimentos pesados em clubes de massa. E o Fluminense, como tal, está aberto a isso. Xerém Já é uma realidade há muito tempo, mas precisa de atenção. Só será possível desenvolvê-lo se for feita uma parceria específica para ele. O Flu, infelizmente, não consegue valorizar seu patrimônio. Não bastasse a Lei Pelé, que é ruim para os clubes, o Fluminense não consegue se estruturar suficientemente para blindar seus jogadores de base, que são patrimônios do clube. Estamos sempre perdendo jogadores, fazendo péssimos negócios comerciais. Eventualmente, aparece uma jóia e sai. Xerém necessita de investimento específico provindo de uma parceria. Venda de jovens valores Deve-se, sim, criar um Departamento Comercial transparente, em que se consiga mostrar todas as negociações realizadas e que devem ser feitas. O Fluminense carece hoje um pouco disso. O que se faz no clube é má venda de jogador. É preciso saber negociar e reconhecer atletas com potencial de crescimento, que serão ainda mais valorizados no futuro. Uma coisa é vender um garoto por 3 ou 4 milhões. Outra, é maturá-lo para que ganhe títulos. Consagrado, valerá cinco ou seis vezes mais. Marca Gostaria que os torcedores do Fluminense se associassem ao clube. Como muitos dos sócios torcem por outros clubes, o poder de decisão dos tricolores ainda é pequeno. O Programa Sócio-Torcedor, por exemplo, do qual o Flu foi vanguarda, foi mal administrado e acabou esquecido ao longo do tempo. Tratou-se mal o torcedor. Hoje, Internacional e São Paulo tem milhares de sócios. Não participam diretamente do dia-a-dia da administração, mas como são muitos têm uma força muito grande para pleitear, reivindicar. O torcedor do Flu está meio à parte desse processo. Ele é o melhor produto de marketing do clube e tem de ser explorado. Vou cuidar disso. O Marketing será a prioridade da minha administração. A marca Fluminense tem de ser respeitada. O clube tem de saber lidar com a sua marca. Já a conquista é conseqüência da organização administrativa e de um bom time de futebol. 170 comentários » “Sou a verdadeira oposição no Flu” sáb, 19/06/10por joao marcelo garcez |categoria Entrevista Coronel reformado da Polícia Militar, Alexandre Cony dos Santos (58) quer profissionalizar a gestão do Fluminense. “Vou instaurar uma auditoria permanente”. Fundador do Tricolor de Coração, rompeu com o grupo político depois que integrantes “mudaram seus conceitos” e passaram a apoiar outro candidato. Dizendo-se a verdadeira oposição no Flu – “Nunca exerci nenhum cargo político no clube, nunca estive ao lado do atual presidente” –, Cony, que é ainda secretário municipal de Ordem Pública de Magé, não descarta, porém, uma aliança com o ex-vice de futebol, Ricardo Tenório. “É um cara que pensa mais ou menos como eu”. Formado em Direito e Administração, o Formigão, apelido que ganhou na infância ao cair sentado sobre um formigueiro, fará de Xerém o carro-chefe de sua administração. “Vou colocá-lo pra funcionar”. Com vasta rede de contatos, vem costurando acordos para levantar um hotel-concentração para os profissionais, que passarão a treinar no centro de treinamento, depois de reestruturado. “Andei vendo CTs pela Europa, pelo Brasil. Temos que cultivar o que é bom”. Empresários, garante ele, não serão bem-vindos. “Quero jogadores que tenham o Fluminense no sangue”. Por razão idêntica, não é simpático à Traffic, que tem participação em passes de muitos atletas do atual elenco. “Ela é boa para esse grupo que está aí”. Sobre a Unimed, elogios, sobretudo ao mandatário, Celso Barros. “Espero um dia ainda vê-lo presidente do Flu”. Diretor há mais de 15 anos da torcida organizada Young Flu, Alexandre Cony, mesmo se eleito, promete continuar assistindo aos jogos da arquibancada. “Sou de lá, preciso saber os anseios do torcedor. De que adianta me esconder num camarote?”. Casado há 41 anos, pai de três filhos e avô de duas netas, todos tricolores, Alexandre Cony é o quinto entrevistado da série com os pré-candidatos à presidência do Fluminense (veja as demais na categoria “Entrevista”, do lado direito da coluna), clube de seu coração e que espera dirigir não por um, mas por dois mandatos. Confiança para isso não lhe falta. “Tenho certeza que vou ganhar as eleições”. . Deserção Sou um dos fundadores da Tricolor de Coração. Nas últimas eleições, apoiei o Paulo Mozart, candidato que tinha uma proposta de mudança. Desta vez, já havia até registrada a minha, mas fui surpreendido no início do ano, quando alguns componentes mudaram seus conceitos de oposição, passando a freqüentar reuniões com outro candidato (Peter Siemsen). Disse a eles: “Estou fora”. Oposição Eu sou a verdadeira oposição do Fluminense. Peter Siemsen já esteve ligado a Roberto Horcades em outra gestão. Recentemente (setembro de 2009), indicou Ricardo Tenório para a vice-presidência. Ora, se Peter fosse realmente oposição, Roberto Horcades não aceitaria sua indicação. Há hoje oposição dentro da própria Flusócio. Muitos componentes já vieram até mim e disseram que estão comigo. Nunca exerci nenhum cargo político no Flu. Por isso, repito, eu sou a verdadeira oposição no clube. Aliança O Ricardo Tenório foi um vice-presidente que deu apoio ao torcedor. Não fazia como Roberto Horcades, que evita os sócios, o que é inaceitável. Horcades é um grande cardiologista, mas um péssimo administrador. Já Tenório chama o torcedor pra conversar, até ajudando algumas vezes, como em Quito, ano passado, quando torcedores tiveram problemas com roubos de passaportes. Então, Tenório é um cara que pensa mais ou menos como eu. Campanha Minha propaganda é na arquibancada, onde já sou muito conhecido. Não vou poluir as ruas com propagandas minhas, nada disso. Vou ganhar as eleições dentro do clube. A partir de agosto, serei visto diariamente nas Laranjeiras, como já venho fazendo em Xerém. Flu ideal Meu ideal é um Fluminense grande, um Fluminense que faça história. Já demonstrei isso na PM. Fiz história lá. O Flu é coisa do coração, é coisa do amor… Antes de ser policial, eu já era Fluminense. Cresci assistindo aos jogos do Flu. Fosse sábado ou domingo, lá estava eu. E olha que meu pai era torcedor do América. Herbert Vianna, um monstro da nossa música, compôs uma canção chamada “Cuide bem do seu amor”. E se tenho amor pelo Flu, eu tenho mais é que cuidar bem dele. Tenho certeza que vou ganhar as eleições, mas se não acontecer, estarei sempre com meu dedinho em pé, à disposição de uma causa – um Fluminense grandioso. E o Flu tem tudo para sê-lo, pois tem uma grande torcida, que deu demonstração de força no Brasileirão passado. Arquibaldo Sou um torcedor de arquibancada, nunca assisti a um jogo das cadeiras. Lá das organizadas, exijo um time melhor, garra, sangue… Sim, porque desde o momento em que saio de casa para ir ao estádio também estou dando meu sangue pelo clube. Viajo muito, vejo tudo. Há cinco anos não deixo de estar numa única partida do Flu. Provo com os ingressos. Em 2008, cheguei a comprar o pacote para o Mundial do Japão. Fiquei com saldo e, desde então, estou viajando “de graça” pela companhia aérea. CT Não fui à Copa porque tirei o período para estudar. Pedi a um grande escritório de advocacia que levantasse todas as ações de dívidas movidas contra o Fluminense. Já estou vendo também centros de treinamentos pelo mundo. Estive na Itália e na Espanha, onde conheci o que são para mim os dois maiores CTs do mundo – os de Milan (este, o mais bonito) e Barcelona. Conversei, colhi mapas, materiais… Aqui no Brasil, estive vendo CTs em Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná… De todos, o melhor é, sem dúvida, o do Atlético-PR. Não foi à toa que a CBF o escolheu para o período de preparação da Seleção Brasileira. Quero copiar modelos e implantá-los em Xerém. Temos de cultivar o que é bom. Por isso, o primeiro passo de minha administração será a profissionalização de gestão. Profissionalização de gestão Sei que estão cansados de ouvir promessas sobre profissionalização de gestão, mas já preparei documentos para registrar tudo em cartório. Depois, vou entregar uma carta ao presidente do Conselho Deliberativo. Se eu não cumprir com aquilo que estou falando, pode me afastar. Quando se lida com recursos, há que se ter honestidade, transparência. Por isso, vou instaurar uma auditoria permanente no clube. Não quero, por exemplo, que aconteça o desastre que aconteceu na decisão da Libertadores, um verdadeiro maná (sobre o episódio envolvendo cambistas, para venda com ágio). Muitos tinham que ter ido pra cadeia. Futebol Vou contratar os melhores. Comigo, Muricy ficará no Flu por muitos anos. Trarei também de volta o melhor preparador físico, Fábio Mahseredijan, hoje servindo a Seleção, para trabalhar com o Ronaldo Torres. Departamento Médico idem. Na vice-presidência, não quero um amigo, mas um profissional. Quero ter a liberdade para demiti-lo no dia seguinte se não render. Amigos e torcedores serão sempre meus colaboradores. Mesmo eleito, continuarei vendo os jogos da arquibancada. Sei que serei cobrado, mas não adianta eu querer me isolar num camarote e não querer ver a realidade. O torcedor é o maior patrimônio. É esse que tenho que respeitar. Esportes olímpicos Temos que investir também em esportes olímpicos. Quando um atleta compete com a camisa do Flu, seja em nível estadual ou nacional, está propagando a marca, é motivo de orgulho. Achei que o Flu bobeou em não trazer o Cielo (César, nadador). Marketing Vou trazer o sócio de volta ao clube. Acho que cobra-se muito pela mensalidade (cerca R$ 100,00). Quantas campanhas para sócio-torcedor já não tivemos? Pouco ou quase nada é oferecido. Tem de haver uma troca. Nizan Guanaes e Washington Olivetto são as maiores sumidades em marketing hoje. Vou procurá-los. Na área de Comunicação Social, quero José Carlos Araújo. Será com ele que conseguirei penetração nos meios de comunicação. Laranjeiras Fez 91 anos em maio. Eu estava lá, fizemos um bolo e levamos pelo menos oito craques do passado. Só que nenhum diretor foi ao encontro deles. Disseram que tinha treino. Era o terceiro ou quarto de Muricy (no estádio), que, este sim, foi cordial, indo até eles e reverenciando-os. Laranjeiras é uma glória, palco do primeiro título sul-americano da Seleção. Se eu for eleito, vou levar o futebol pra Xerém, mas os treinos-aprontos serão realizados nas Laranjeiras. Hotel-concentração Já estou com duas empresas bem costuradas para criar ao lado do Espaço Telê Santana, em Xerém, um hotel de três andares, com todo o conforto, que servirá como concentração ao time profissional, com modernos centros de fisioterapia e de preparação física no primeiro piso. Acho um absurdo a fortuna que o Fluminense vem pagando a um hotel da cidade. Em Xerém, daremos melhores condições aos nossos atletas, porque entendo que o futuro do Fluminense está lá. Empresários O assédio de empresários que tenho visto em Xerém é um absurdo. No meu primeiro dia de administração vou dispensar todos os garotos ligados a empresários. Quero jogador que tenha o Fluminense no sangue. Aproveito, inclusive, para aconselhar aos empresários que apóiem outros candidatos, porque comigo não terão vez. Vou colocar Xerém pra funcionar. Garotos que forem garimpados por nossos olheiros, não serão levados para lá antes que suas famílias conheçam nossas acomodações. Neste país, em qualquer esquina, tem dois craques de futebol. Quero jogadores 100% ligados ao clube. Traffic É boa para o grupo que está lá atualmente. Eu já estou pensando no futuro do Fluminense. Por isso, eleito presidente, o meu gabinete será em Xerém. Na sede social, terei um administrador. Porque não adianta tê-la bonita, se não tiver craques, não tiver taças. A renovação de qualquer torcida passa pela conquista de títulos. O maior patrimônio de um clube é o torcedor. Dívida Vou instaurar uma auditoria permanente para saber qual o valor verdadeiro da dívida do clube. O Flu tem hoje mais de 1,5 mil ações trabalhistas movidas contra ele. Vou pagar a todos os credores, mas primeiro tenho que tomar pé da situação. E quando eu o fizer, atrairei, ao mesmo tempo, os investidores. Não deixarei o dinheiro ir pra conta de terceiros, vai pro caminho certo. Hoje o dinheiro não pode ir pros cofres do clube porque senão a Justiça vem e toma. Pirataria Vou combater a pirataria de camisas. Vou à polícia pedir à delegacia responsável para que prenda e acabe com isso. Também negociarei com os fabricantes uma camisa com valor mais acessível. Unimed Sou segurado, acredito na Unimed e respeito o doutor Celso Barros, a quem admiro muito. Uma pessoa que pega a marca de sua empresa e estampa numa camisa é porque tem amor a ela. Como torcedor vibrante que é, Celso Barros está querendo ajudar, mas, claro, sua empresa também está ganhando com isso. A marca é boa, a camisa é valiosa. Penso ainda em votar no doutor Celso Barros um dia para presidente do clube. Como eu, ele quer um Flu diferente. Duplo mandato Não penso em ficar três anos na presidência, mas seis. Sei que vamos roer osso nos primeiros 15 meses, mas definitivamente vou profissionalizar a gestão. Gosto também de ouvir opiniões e sugestões. Por isso, disponibilizo meu e-mail: conysegs@yahoo.com.br Meu primeiro mandato será para arrumar a casa. No segundo, sim, vamos correr para a glória. Vou acertar a casa, as finanças, contratar craques. Vou trazer o melhor de cada área pra servir o clube. Vou tocar os esportes olímpicos, a sede social… É inadmissível, por exemplo, um cadeirante não poder visitar o salão nobre por falta de um elevador. Vou colocar, nem que haja um único sócio cadeirante. Quero criar mecanismos para trazer de volta o associado. Temos que ter bailes da Terceira Idade, baile da juventude, programações culturais. Não aceito ver o clube vazio sexta às 20h ou depois das 18h de sábado. Vou botar o clube pra funcionar. Também vou querer rever contratos. Às vezes o cara paga uma ninharia para utilizar uma sala do clube. Se entender que devo rescindir, rescindo. Tenho que pensar no Fluminense. O Flu Memória também é um desastre. Colocarei um livro-ata no espaço para registrar a presença de ilustres. De três em três meses, promoverei um encontro de grandes jogadores do passado. Esses caras deram o suor pelo clube. Se hoje essa camisa é reconhecida, muito se deve ao que eles fizeram no passado. Lei Pelé Sou contra a Lei Pelé, que foi um desastre para os clubes. Já andei conversando com deputados federais e até com dois senadores para uma possível emenda. É preciso que se faça uma mudança. Salários Na minha administração, funcionário algum deixará de receber em dia. Vejo hoje empregados do Fluminense passando fome e dormindo até em hotéis da central do Brasil por não ter dinheiro para a condução. É inadmissível. Como este mesmo funcionário terá alegria para no dia seguinte acompanhar o associado ou o torcedor na sede? Comigo, o explorador do restaurante receberá uma cota diária para fornecer refeição a todos os funcionários. Muitos sequer tomam café da manhã… É duro, mas hoje atrasam salários de R$ 580,00 no clube. Arena Flu Já andei conversando com representantes e pedi aos meus colaboradores que fizessem um estudo a respeito. Mas sem o Maracanã, Volta Redonda é a opção mais viável, sobretudo no que tange a segurança. Tenho reservas ao Engenhão. Trata-se de um grande estádio, mas é problemático ao torcedor do Flu, principalmente pela sua localização, muito propícia a engarrafamentos por falta de escoamento. *** Citada na entrevista, a Flusócio enviou, domingo, a seguinte nota à coluna. “O pré-candidato Formigão mostrou desconhecer a política tricolor. Peter Siemsen foi lançado pela Flusócio em 2007 e 2010. Ele recebe apoio integral do grupo, do qual, inclusive, faz parte. Seu nome foi escolhido democraticamente em plenária, por unanimidade.” 206 comentários » O engenheiro e a esfinge qua, 19/05/10por joao marcelo garcez |categoria Brasileirão 2010, Entrevista Manhã de sábado, 15 de maio de 2010, aniversário de três anos da coluna. Após cruzar a esfinge que adorna a entrada do jardim (foto abaixo), chego ao Parque Guinle, em Laranjeiras, para um encontro que prometia ser inesquecível. Estaciono o carro, cumprimento o porteiro e sigo pelo hall dos elevadores. Subo ao quarto andar e procuro pelo apartamento cujo número havia rabiscado num bloco de anotações. Toco a campainha. Cláudia, a criada, é quem abre a porta com a peculiar simpatia dos moradores daquela residência. “Aguarde um instantinho que já vou chamar o doutor”, solicitou, gentilmente. De pé, durante alguns segundos, pude contemplar o maravilhoso cenário que compunha a vista da sala de seu apartamento, cercado de verde, sob o colírio do Cristo Redentor, santuário carioca e brasileiro. Não demora e chega ao recinto o anfitrião. Sorriso largo e de braços abertos, rompe o silêncio com sua voz grave e cordial: “Minhas saudações tricolores”. Era Francisco Horta, o presidente eterno do Fluminense e mentor da Máquina Tricolor. “O Tricolor está doente”, introduziu – até de modo inesperado – o bate-papo que, pra meu deleite, iria longe. “Temos Conca e mais ninguém”, sentenciou. Lembro da importância do atacante Fred para o time e Horta concorda, com uma ressalva. “Quando joga”. Mas incredulidade não é uma palavra que caia bem no dicionário de Francisco Horta. Ciente da tentativa de implantação de uma nova filosofia com a contratação de Muricy Ramalho, destacou sua importância, contrapondo-o com a qualidade do elenco. “Temos um dos melhores treinadores, mas ainda não temos um time”. E comparou o momento atual com um bem recente que não sai da cabeça dos tricolores. “Em 2008, na Libertadores, tínhamos time, mas não técnico”. E concluiu. “Ultimamente, está sempre faltando alguma coisa ao Flu”. Ainda sobre Muricy Ramalho, a quem Francisco Horta aponta como um homem de visão, o ex-dirigente deseja que o treinador execute e lidere um processo de remodelação no Departamento de Futebol. “Muricy sabe planejar. Estou convencido de que ele arrumará a casa, com participação efetiva até mesmo no CT de Xerém, onde está o futuro do clube”, disse, a despeito da saída de Cuca, a qual não aprovou. “Tínhamos um ótimo treinador, competente, corajoso. Sua demissão não veio em boa hora. Cuca tinha o time nas mãos”. Como tinha – ou ao menos pretendia ter – nas mãos Muricy o Flamengo. Foi a senha para que o Flu tomasse a dianteira e procurasse o técnico tricampeão. “O Flu só partiu para a contratação de Muricy depois que a Patrícia (Amorim, presidente do Flamengo), em viagem próxima à eleição do Clube dos 13, confidenciou a Horcades que negociaria com o treinador”, revelou. Claudia adentra a sala e, cordatamente, pergunta o que quero beber. Muito gripado, solicito apenas um copo d’água para molhar a boca. Sabia que a reunião seria longa e desejava trocar ainda muitas idéias com aquele notável e fidalgo representante tricolor. Mas que ingenuidade a minha. Quando se está diante de Francisco Horta o melhor que se tem a fazer é ouvir, ouvir muito. Beber de sua sabedoria e aprender com suas histórias deliciosas é um grande e incomparável privilégio. Do garbo de seu comportamento aos causos e curiosidades provindas de sua mente brilhante, todos os detalhes nos parecem como instrumentos acadêmicos. Degustar a verve de Horta é como estar sentado na carteira de uma faculdade. E foi assim, embevecido, que ouvi mais uma vez a explicação para que, em 1990, aceitasse um cargo administrativo no Flamengo – esta, com um novo viés. “Estava há mais de dez anos trabalhando em rádio, diariamente, com uma carga horária de estafar qualquer um. Lembro que a Rádio Globo chegou a montar até um estúdio improvisado aqui em casa. Não bastante, decidiram que eu passaria a entrar na programação também da madrugada. Desta forma, quando acabava o expediente, ainda tinha que gravar um comentário para ir ao ar às 5h45… Não agüentava mais, estava muito cansado. Quando, então, Gilberto Cardoso Filho, meu amigo-irmão, pediu que eu o acudisse no Fla, vi ali uma oportunidade de deixar aquela rotina esmagadora”. Mas era uma opção arriscada, Horta sabia. Sua imagem sempre esteve intimamente ligada à do Fluminense e o risco de desagradar ambas as torcidas era grande. “Disseram a mim: ‘Você ficou louco? Mas o que é isso?’ Mesmo assim topei. E aconteceu exatamente o que supunham: os torcedores rubro-negros, quando souberam, me rejeitaram, e os do Flu, da mesma forma, ficaram bastante aborrecidos”. Francisco Horta, porém, não demoraria no Fla. Contratado em 1990, sairia naquele mesmo ano logo após o clube conquistar a Copa do Brasil. Depois, voltaria ao rádio. “Mas aí negociei, reivindiquei. Não queria mais saber daquele horário maluco”. Em 1994, comentaria a Copa dos Estados Unidos pela Rádio Tupi. Mas sua carreira como cartola não estava encerrada. Em 1999, topou o desafio de dirigir o Flu na pior crise de sua história, num triunvirato com David Fischel e José de Souza. “Ali era o caos. Era um dever cívico”. Com o clube sem dinheiro e mergulhado em dívidas, teve dificuldades até para montar a equipe que disputaria a Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro. “Recebi recusas de jogadores médios”. Assim, teve de se contentar com personagens folclóricos como Bentinho e Joel Cavalo. “Era terrível”. Sabia, por isso, da importância de contratar um homem-show, alguém que traria a torcida aos estádios. Foi quando pintou Túlio Maravilha. “Mas já não jogava”, reconhece. Sem recursos, fez malabarismo para convencer a comissão técnica campeão do mundo em 1994 a topar o desafio de capitanear o processo de volta por cima do Flu. Depois de muito hesitarem, Carlos Alberto Parreira e companhia vieram – tão e somente por Horta, como sempre ressalta o agora técnico da seleção sul-africana. Começava ali o resgate do orgulho e da credibilidade perdidos havia muito tempo. “Foi Parreira quem reconduziu o Fluminense. Devemos isso a ele”. As dificuldades para levantar verbas no começo eram tantas que Francisco Horta propôs até a criação de um troféu – a Taça São Sebastião –, a ser disputado pela dupla Fla-Flu em todos os dias 20 de janeiro. A idéia era que passasse a fazer parte do calendário do futebol carioca. “O Fla sugeriu que pedíssemos R$ 500 mil à TV Globo para a transmissão do amistoso. Apesar de achar que era um valor muito elevado, propus ao Marcelo (Campos Pinto, da Globo Esportes), que, pra minha surpresa, aceitou sem negociar”. O resultado da mais nova e brilhante idéia de Horta foi um Maracanã abarrotado de tricolores e rubro-negros, numa festa incrível, que entrou para a história do futebol como o de maior público entre partidas amistosas. Como a política do troca-troca, lançada havia duas décadas, Francisco Horta mais uma vez badalava e promovia o futebol da cidade, seu carro-chefe. O engenheiro da Máquina (foto) estava de volta e, com ele, sua mente visionária e revolucionária. Passados 11 anos, a realidade hoje não é muito diferente. Com uma dívida superior a R$ 320 milhões, os tempos ainda são difíceis e o aporte da Unimed é, segundo Horta, de grande importância ao clube, que acumula problemas. “Todas as cotas de TV de 2011 já foram adiantadas. O presidente que assumir não poderá contar com esse dinheiro”. Indago, então, sobre a patrocinadora e se ela não ajudaria com recursos além dos previstos na parceria. Horta consente com a cabeça. “Certamente dará”. Eleito presidente aos 40 anos, em 1975, Francisco Horta crê numa eleição acirrada este ano. Para ele, a disputa estará bipolarizada entre os candidatos Júlio Bueno e Peter Siemsen, ambos já sabatinados na série de entrevistas que o Blog do Flu vem fazendo com os presidenciáveis (veja na seção ‘Entrevista’). A conversa já caminhava para o fim, quando Horta fez uma revelação: Ricardo Gomes pode, em breve, voltar ao Fluminense. “Não como técnico, mas como manager”. Consultado por um dos candidatos, o técnico do São Paulo não descartou assumir o cargo no ano que vem. Trinta e cinco anos depois da construção da Máquina Tricolor, o lema “Vencer ou vencer”, para Horta, tem de seguir norteando o clube. “É preciso acreditar, perseverar, estar sempre crendo no sucesso. A derrota está no contexto, mas não se pode pensar nela quando o Flu está em campo”, destrinchou. Levanto do sofá para abraçá-lo. Antes de sair, ouço ainda seu palpite para o jogo da noite. “Golearemos o Atlético-GO por 1 a 0. Temos de vencer. Nem é preciso jogar bem neste momento”. Desceu comigo até a garagem, onde se despediu carinhosamente, aconselhando-me. “Vamos viver e celebrar a vida. Momentos como esse são muito especiais. É preciso ter sabedoria para saber apreciá-los”. O dia já estava ganho. Mais tarde o Flu também ganharia – e por 1 a 0, como previu Horta, de boa sociedade e educação. Cativados, tricolores se lembram até hoje, saudosos, do encantamento vivido – e celebrado, como sugeriu – à época em que o dirigente punha toda a sua maestria a serviço do clube. Sua volta 22 anos depois se deu em outras circunstâncias, em outros tempos. Fez a diferença, mais uma vez. Mas nem precisava. Graças à sua inteligência e ousadia, seu legado já havia sido deixado. *** Coincidentemente, a coluna com Francisco Horta é publicada às vésperas de um Corinthians x Fluminense, jogo que marcou o início da trajetória do dirigente na presidência do clube. A TV Globo transmite a partida neste domingo a partir das 16h. *** Um já é velho conhecido da torcida tricolor. O outro, com passagens por clubes como Atlético de Madri (ESP) e São Paulo, não. Afinal, André Luís e Cléber Santana são ou não uma boa para o Flu? Opine. *** Contra Ronaldo, Roberto Carlos e Cia, é vencer ou vencer. __________________________________________________________ E-mails para esta coluna: joaogarcez@yahoo.com.br Blog do Flu no Twitter: @blogdoflu Esta coluna é publicada duas vezes por semana (geralmente às segundas e quintas), sempre nos dias seguintes aos jogos do Fluminense. 375 comentários » “Não se pode ter uma ditadura no Flu” qui, 01/04/10por joao marcelo garcez |categoria Entrevista Conselheiro do Tribunal de Contas do município do Rio de Janeiro, Antonio Carlos de Moraes, 63, quer acender o cachimbo da paz no futebol carioca. Mesmo a sete meses das eleições, já iniciou um movimento para, fora de campo, formar uma espécie de G4 entre os grandes clubes da cidade. Quer, entre outras coisas, levar a questão das dívidas mirabolantes a Brasília. “Temos de estar unidos”. Há 51 anos sócio do Fluminense, Moraes, que pertence ao grupo político Democracia Tricolor, é crítico ferrenho da gestão de Roberto Horcades, classificada por ele como deplorável. “O Flu está absolutamente sozinho”. Sobre o Conselho Deliberativo, do qual é membro desde 2008, sente-se desrespeitado pelo presidente Carlos Henrique Moraes, a quem acusa de ser conivente com erros administrativos de Horcades. “É um deboche completo e absoluto”. Da Unimed, de quem é segurado, o pré-candidato garante que só aceitaria a continuidade da parceria se o Fluminense – “o detentor da marca” – exercesse sua soberania. “Não podemos ter uma ditadura no Flu”, decretou, referindo-se às constantes interferências da patrocinadora em decisões da diretoria. Pai de quatro filhos e avô de um neto, um deles alvinegro, Antonio Carlos de Moraes planeja também a revitalização do que chama de Sociedade Fluminense. “O Flu é hoje um clube sem vida”. Sua idéia é fazer da instituição o próprio nascedouro de futuros atletas olímpicos. No futebol, quer promover entre os tricolores uma democracia participativa, ação em que torcedores seriam consultados para também opinar em decisões do clube. “Tenho que ouvir a voz rouca das ruas”. Aproximar os jogadores de base dos associados é outro desejo de Moraes, que pretende levar para Álvaro Chaves jogos das categorias juvenil e júnior. “Quero que tenham Laranjeiras no sangue”. A despeito do projeto Arena Fluminense, a construção de um estádio moderno para o clube não será prioridade em sua gestão. “É besteira falar disso quando não se tem dinheiro”. Para este professor de Direito da PUC, as preocupações prioritárias devem ser outras. “Temos que salvar nosso parque aquático, a sede…”. Quarto entrevistado da série com os pré-candidatos à presidência do Flu (veja as demais na categoria “Entrevista”, do lado direito da coluna), Antonio Carlos de Moraes tem na sua conduta a maior aliada para vencer as eleições, em novembro. “Sou uma pessoa inatacável”. E sonha alto. “A Libertadores é uma delícia”. Clube x Tribunal de Contas Não vejo grandes diferenças, a vida é uma só. Não vejo diferença entre pegar uma cidade quebrada, como peguei a do Rio de Janeiro há vinte e tantos anos atrás, e trabalhar num clube quebrado, como o Flu de hoje. Três missões Enquanto outros candidatos mostram uma porção de projetos, usarei técnicas aprendidas em planejamento estratégico. Primeiro: qual a missão e a definição de futuro? Vejo o Fluminense integrado à sociedade. Desta forma, temos que participar da educação e da cultura de jovens, através do maior número possível de escolinhas de todas as modalidades olímpicas. Para o futebol, já temos Xerém, lamentavelmente não bem administrado, embora tenha produzido grandes craques. Segundo: participarmos de competições. E qual a nossa visão do futuro? É procurarmos parcerias autênticas em que exerçamos nossa soberania. A Unimed é uma delas, mas não da forma como é hoje, com ingerência em tudo. Ela faz hoje a política do ‘SPP’, se passar, passou, sobretudo com a direção atual, muito fraca, composta por pessoas que não têm tradição administrativa, empresarial, em administração pública, em nada… Por isso, a Unimed vai colocando a faca e as pessoas vão aceitando. Apesar disso, creio que não terei dificuldade em dialogar com a Unimed, porque é dirigida por um tricolor. Tem de haver patrocínio não só no futebol, como em outros esportes, de menor popularidade, como o basquete, o vôlei, do qual particularmente gosto muito… Mas não adianta a gente sonhar. Não falarei que vou construir um estádio para 50 mil pessoas. Vou falar sempre pisando no chão. O Fluminense tem de ser a própria escolinha, formar, através de parcerias, equipes para competir e dar a vida pela ‘Sociedade Fluminense’, que hoje está morta. O Flu é um clube sem vida. A última obra na sede tem uns 25 anos, uma rampinha que colocaram na entrada… Obviamente que para todas as obras dependeremos de parcerias e concessões. Do contrário, não teremos recursos. Mas como conquistar estes resultados? Eu, particularmente, mesmo sendo ainda só um candidato, não posso esperar até as eleições para agir, senão não vamos ter tempo. Vejo que está havendo receptividade entre os presidentes dos grandes clubes do Rio de Janeiro para a formação de um G4. Dentro do campo, vamos disputar, tentar ganhar com a melhor equipe, com a melhor sorte, mas fora de campo os quatro grandes têm de estar unidos. Unidos completamente contra um campeonato (Estadual) altamente deficitário, que lesa o patrimônio do clube, contra essa dívida louca que nossos antecessores deixaram. Não adianta sonharmos com a maneira com que pagaremos essa dívida. Temos que formar um grupo, levar a questão a Brasília, dentro do princípio da realidade. Não adianta nada ficar aplicando juros Selic. Pode ser até legal, mas é irreal. A Timemania também foi uma idéia muito boa de Marcio Braga, mas fracassou. De que adianta os clubes falidos e a CBF rica? A CBF pode participar e criar uma lei de responsabilidade esportiva: dirigente que lesa a pátria vai pra cadeia. Hoje, as administrações saem e deixam os clubes quebrados. Nas estatísticas, o Vasco é hoje o clube com mais dívidas, porque tinha um balanço maqueado na administração anterior. O Fluminense também teve seu balanço maqueado há quatro anos e hoje deve mais de 320 milhões. O clube contrata gente sem o menor preparo, sem nenhuma pesquisa de mercado, cada vez deve mais e mais… Os quatro grandes, juntos, podem fazer um grande projeto para os Jogos Olímpicos Rio-2016. O governo federal está pronto para abrir os cofres. Temos que ter projetos para apresentar, englobando a sociedade carioca. Gestão Roberto Horcades Deplorável. Roberto Horcades não tem uma formação democrática. Na primeira vez em que foi eleito, com 30%, só o fez porque a oposição rachou. Apoiado inicialmente pela Vanguarda Tricolor, rachou com o grupo após as eleições, e tornou a procurá-lo, fazendo acordos políticos, para que chegasse à reeleição. Chegou a vitória, desta vez, com 50%. Roberto Horcades não cumpriu com nada do que prometera, não se administra a casa assim. Por exemplo, em 2008, que foi um bom ano financeiro para o Flu, chegamos à decisão da Libertadores e vendemos vários atletas. Desta forma, o clube conseguiu ter um superávit financeiro (interrompe). Trabalho na administração pública, isso é muito simples: o orçamento é uma mera previsão; a despesa, uma autorização. Assim, é normal que se erre na receita. Por isso, deve-se respeitar sua assembléia geral e levar o problema a ela, para que seja aprovado. Mas o orçamento de 2008 só foi apresentado no ano seguinte. Em 2009, aconteceu o contrário. Roberto Horcades gastou sem autorização e não explicou nada de venda de jogadores… Fez uma loucura completa. A assessoria do clube justificou a demora da entrega do orçamento dizendo que acreditou que o clube iria para a Segunda Divisão. Mas qual o problema? O orçamento é uma previsão. Era o caso de entregarem o orçamento e, se o clube fosse mesmo rebaixado, fazer depois a correção. É a coisa mais simples do mundo. Mas não. Entregaram fora do prazo e, ainda por cima, aconteceu o contrário: na previsão de receita, ele tinha menos R$ 7 milhões e gastou ainda mais R$ 4 milhões. Totalizando, teve um gasto de R$ 11 milhões a mais do que teve de receita. Ele tinha que ter pedido autorização para isso, o que só fez em 2010. A presidência do Conselho Deliberativo é outro completo desrespeito. Sinto-me, na altura da vida que estou, profundamente desrespeitado por um ser humano como ele (Carlos Henrique Mariz). Vai apresentar agora um novo balanço sem que sequer tivesse obtido autorização do erro cometido no passado. Vai usar sua tropa de choque. É um deboche completo e absoluto. Lecionar para jovens de 18 a 20 anos me tem feito jovem e realista. Sei de minhas virtudes e defeitos. Uma de minhas virtudes é que eu sou uma pessoa inatacável em termos de honestidade, trabalho etc. E acho que ter essa imagem é muito importante, já que podemos obter acordos com Justiça, com pactos pela credibilidade, coisa que a presidência atual não tem. Há uns dois anos, saía de uma aula da PUC quando Roberto Horcades me ligou. Na época, o Flu acabara de sair do acordo trabalhista. Na mesma hora, marquei um encontro com a então presidente do TRT, Doris Castro Neves. Quando cheguei lá, apareceu também todo o Departamento Jurídico do Fluminense. O clube não tinha prestígio algum. Pouco depois, por intermédio de um desembargador trabalhista amigo meu, marcaria novamente com a juíza. Queria tentar mudar a imagem do clube, essas coisas… Mas tratei eu mesmo de desmarcar. Não queria envolver meu nome numa desonestidade. Equacionamento da dívida Inicialmente, é preciso uma auditoria para se saber que dívida é esta, de onde surgiu, se tem contratos… Li que há cláusulas em que o Fluminense obriga que contratos sejam sigilosos. Sou formado desde 1970 e nunca havia visto um contrato desses na minha vida. Por isso tudo, tem que se fazer uma auditoria. Pode ser, quem sabe, que a gente jogue a dívida lá pra baixo. De resto, é reunir condições de trabalho e tentar um acordo com o G4, para tratarmos juntos da questão. Aliás, até isso o Horcades conseguiu, o Fluminense está absolutamente sozinho. Unimed e Traffic Queremos parceria com a Unimed. Sou segurado e torço por ela. Com uma ressalva: em parceria, é o Fluminense quem detém a marca, nós temos soberania. Nesses termos, não tenho nada contra. Agora, se vierem fazer imposições, não! Não podemos ter uma ditadura! É preciso reconhecer a autoridade de cada um. Já a Traffic vai depender da direção do nosso Departamento de Futebol. Na minha opinião, o Cuca também tem de opinar num negócio desses. As empresas hoje administram com locação ou terceirização. Temos que exercer nossa soberania. CT Olha, não é que eu não queira responder. Mas o que não pode é o Fluminense treinar com o escudo do Flamengo ao fundo (refere-se ao período em que o time treinou no CFZ, ano passado, na verdade, com o nome de Zico ao fundo). Isso é brincadeira! Não sei se estou jogando alto, mas podemos atrair parceiros para transformar o vestiário das Laranjeiras, deixando-os em condições, para que os atletas fiquem treinando mesmo no estádio. Passado x Futuro Meu sonho para Álvaro Chaves é passado e futuro. O passado é transformá-lo num museu, como há na Inglaterra, com visitação, agências de turismo, fotos, filmes… Laranjeiras foi um dos primeiros estádios da América Latina. Futuro: os times das categorias juvenil e júnior jogariam sempre nas Laranjeiras para que os associados tivessem contato com eles. Como torcedor, só fui conhecer o Wellington Silva este ano, em jogos transmitidos da Copa São Paulo. Ano passado, vi o Dalton, o Digão… Teremos uma equipe de transição que preparará a cabeça dos meninos que saírem de Xerém para as Laranjeiras, para nunca mais acontecer o que houve com Toró (hoje, no Flamengo). Toró não tem culpa nenhuma de ter criado ódio do Fluminense. O que fizeram com esse menino foi um absurdo. Colocaram ele de titular e no dia seguinte mandaram de volta pra Xerém. Não é possível. O menino sonha em ser profissional. Não se pode fazer isso com um ser humano. Estádio Depende das parcerias que faremos. Obviamente, o Maracanã será a nossa sede, mas se houver uma parceria pra gente fazer um estádio fora, tudo bem. Mas é besteira falar em construção de estádio se não há dinheiro para isso. Nós temos que salvar nosso parque aquático, a sede do clube… Futebol já tem o Maracanã. Se fizer o G4 mesmo, por que não jogar também em São Januário? Agora, falar em ampliação das Laranjeiras é absurdo. Não há passagem para trânsito, na Rua Pinheiro Machado não há onde parar carros… Mas quero que a torcida tenha contato com os jogadores de base. Eles integrados à família tricolor, para que tenham Laranjeiras no sangue. Arena Fluminense Não conheço o projeto, mas em tese apóio. Estou sempre aberto ao diálogo. Se um grupo financista tiver interesse… Estamos procurando um grupo de empresários tricolores também. Hoje, o modelo de gestão mudou completamente. Conheço alguns projetos da sede que dependerão de grandes empresários tricolores. Lógico que não vou levar empresário tricolor para falir comigo. Se vier aqui, tem de ter uma concessão em volta, óbvio. Mas aí vamos ter que trabalhar com matemática financeira, porque é o justo para cada um. O que não pode é a mentalidade existente hoje no Fluminense de que ninguém pode ganhar dinheiro lá (empresário). Óbvio que empresário tem que ter lucro. Ao mesmo tempo, o Fluminense tem de ter um grupo social ainda maior. Pra esse nível de diálogo, estou aberto. União com outros grupos políticos Aceito dialogar, mas não atrás de cargos, e sim de princípios e ideais. Participação de torcedores em decisões do clube Pretendo fazer uma democracia participativa dentro da sede das Laranjeiras, colocando coletores para votações. A presidência do clube tem de estar sempre aberta ao diálogo e às críticas, como uma piscina que não está bem clorada, aquecida demais e outra série de coisas. No futebol, faremos a mesma coisa com a torcida, não com os sócios. O treinador de futebol faz parte de uma coletividade, não é dono do negócio. Mas comigo na presidência, será respeitado e não sofrerá influência no seu trabalho. Obviamente, porém, preciso ouvir também a voz rouca das ruas. Por exemplo, eu acho um erro estratégico não levar o Ronaldinho Gaúcho para a Copa do Mundo. Se perdermos com ele, ninguém falará nada, mas se não for levado, dirão que foi por este motivo. No ano passado, o Cuca fez uma coisa que todo mundo pensava, mas não agia. Afastou jogadores pagos pela Unimed e chamou Xerém. Veio aí a grande virada. Treinador Olha, enquanto o Cuca não xingar a minha mãe e não perder o controle, será ele o meu treinador. Tenho com ele uma dívida de gratidão muito grande. Aliás, o Fluminense tem uma dívida de gratidão com ele por não ter caído para a Segunda Divisão. Estive em vários jogos e, contra a LDU (final da Sul-Americana), vi como ele vibrava, discutia e participava das coisas. É como Barcelona e Real Madrid. Este foi feito pra ganhar, já o Barça foi feito para jogar bonito. O Cuca faz as duas coisas: vence e convence. Títulos Disputar tudo para ganhar. E, claro, a Libertadores é uma delícia. Um clube ganhar a Libertadores é muito difícil. Na final de 2008, o José Roberto Wright passou perto de mim e falou: “Olha, o juiz que vai apitar hoje é ladrão” (Hector Baldassi). Comentei com Roberto Horcades, que estava ao meu lado, sobre isso. Não deu outra: o Flu foi roubado indecentemente e perdeu o título. __________________________________________________________________ E-mails para esta coluna: joaogarcez@yahoo.com.br Blog do Flu no Twitter: @blogdoflu Esta coluna é publicada duas vezes por semana (geralmente às segundas e quintas), sempre nos dias seguintes aos jogos do Fluminense. 124 comentários » “Flu será o maior desafio da minha vida” sáb, 13/03/10por joao marcelo garcez |categoria Entrevista Secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de Janeiro, Júlio César Carmo Bueno não tem dúvidas: presidir o Fluminense e mudar seu modelo de administração será o maior desafio de sua vida. “Não há super-homem”, diz, ciente das dificuldades que, se eleito, o esperam no cargo. “Há 25 anos, o Fluminense vem tendo uma trajetória de decadência”, avalia, isentando de culpa, porém, Roberto Horcades, “vítima de um modelo mal sucedido”. Dizendo-se acima de todas as facções – “Minha chapa é suprapartidária” –, o pré-candidato planeja, prioritariamente, equacionar as dívidas do Fluminense, hoje superior a R$ 300 milhões, para dar previsibilidade ao fluxo de caixa do clube. “Alguém precisa enfrentar esse problema”. Sobre as constantes intervenções da Unimed no futebol, o ex-presidente do Inmetro e da BR Distribuidora conta que tentará tornar o Flu viável para que a patrocinadora, em caso de renovação, seja nada mais que uma parceira do clube. “Se eu conseguir dar ao Flu autonomia financeira, não haverá ingerência”. Nesta entrevista, a terceira da série com os pré-candidatos à presidência do Fluminense (veja as demais na categoria “Entrevistas”, à direita da coluna), Júlio Bueno fala ainda sobre seu descontentamento com a Traffic – “Jogador tem que pertencer ao clube” –, Lei Rouanet, revitalização da sede, passando pelo Flu Memória – “Isso vamos fazer de qualquer jeito” –, e do seu desejo de ampliar a capacidade do Estádio das Laranjeiras para 25 mil, através de um audacioso projeto que contaria até com um mergulhão na Rua Pinheiro Machado. “Tenho boa articulação com o prefeito e o governador”.